Pedro Henrique
Saraiva Leão
(Presidente da
Academia Cearense de Letras)
Um
certo Dr. Richard Evan Schultes, diretor do Museu Botânico da Universidade
Harvard afirmou: As drogas do futuro
crescem na floresta primeva. Referia-se à floresta amazônica, onde
pesquisou por 13 anos (Revista Time, 26/8/1985). Realmente, das matas vieram,
entre outros remédios, a quinina (antimalárico), a digital (para cardiopatias),
a pervinca – ou congossa – utilíssima na leucemia infantil e em alguns casos de
câncer. Modernamente, entraram no mercado farmacêutico a Mentha piperita e a
Boswellia serrata, empregadas no tratamento do cólon irritável, e das colites.
Para os que não leram (ainda) Os Sertões
– ou não lembram-se – Euclides da Cunha denominou a selva amazônica “o último
capítulo do Gênesis”.
Grande
parte do espólio farmacêutico rústico, caseiro, no Nordeste do Brasil provém de
plantas assim usadas, como fitoterápicos.
Sua
história e suas estórias vêm de longe, desde os primeiros “rizotomistas”
(cortadores de raízes), ou raizeiros, remontando ao nascimento do Império
Romano.
Tudo
começou com o cirurgião do Imperador Nero, Dioscórides, o qual estudou cerca de
600 plantas de vários países e as descreveu em um herbário. Assim criou-se o
que hoje chamamos matéria médica, os materiais da medicina contava com mais de
190 plantas até 1968. entre os fitoterápicos sobressaem as folhas terapêuticas,
os chás. Estes podem ser consumidos por várias vias: oral (infusões, ou
decoctos), tópica, gargarejos e bochechos, banhos-de-assento, inalação ou
cataplasmas.
Entre
estes os chás mais consumidos são os de agrião (Lavandula officinalis), de
boldo (Peumos boldus), de ervas (doce; cidreira; mate), carqueira (Barcharis
trimera), camomila (Matricaria chamomilla), capim santo (Cymbopogon citratus),
espinheira – santa (Maytenus ilicofolia), laranjeira (Citrus auranteum), macela
(Egletis viscosa), eucalipto (Eucalyptus tereticornio), etc.
Contudo
de nenhum herbário conhecido consta um tipo especial de chá, também não
prescrito e sim imposto por alguns médicos: o chá-de-cadeira!
Batizemo-lo
em latim: seria o Thea sellaris?
Ilustrando
com alguns exemplos de chá de cadeira, há pouco nos disse uma senhora ter tido
uma consulta marcada às 10h30m, e sido atendida às 16h30m (seis horas após!) O
mesmo chá sorveu outro amigo, das 17h às 23h!
Aliás,
a bula deste chá recomenda toma-lo lentamente por 2-6 horas, acompanhando-se a
ingestão com a leitura de revistas e jornais velhos, ao som de telenovelas.
É
conhecido, e também amargo “chá-teação”!
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