Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Sobre o Jantar de fim de ano do PEN Clube do Brasil 2022, dia 2 de dezembro, no La Fiorentina.

 Prezados amigos e sócios do PEN Clube,

 

Tenho o gratíssimo prazer de comunicar a todos que nosso jantar de fim de ano na Fiorentina (com a entrega do Grande Prêmio PEN Clube 2022 à historiadora Mary del Priore, considerada a mais importante no Bicentenário da Independência do Brasil) ultrapassou a todas expectativas. Com mais de 60 convidados, entre os quais representantes do Prefeito, do Governador e do Presidente eleito, além do Embaixador Jerônimo Moscardo e o acadêmico Arnaldo Niskier (representante da ABL) que receberam do Presidente do PEN Clube a medalha Pedro I, inaugurada nesta mesma noite, o evento contou com apresentação da premiada feita pelo historiador Paulo Knauss, bem como palavras emocionadas de agradecimento da homenageada, cuja bela carta destinada a este presidente segue logo abaixo, bem como algumas fotos do evento. 

 

O PEN Clube por dever de gratidão vem tornar público seu agradecimento ao proprietário da Fiorentina, o conhecido carioca Omar Catito Peres pelo sucesso tanto da comida quanto de toda a celebração.

 

Ricardo Cravo Albin

Presidente do PEN Clube

 

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Senhor Presidente


“Meus irmãos – não em armas, mas, - em papel e tinta”. Papel e tinta, símbolos de nossa paixão comum, signo de resistência também. Afinal, escrever é resistir. É manter intacta a chama frágil. Não disponho de muitas palavras para expressar minha gratidão. As certas sabemos de cor: “Muito obrigada”. Pois “de cor” vem de corde, do coração. Muito obrigada de coração, portanto.  Quando se tem o privilégio de ser premiada pela família que compõe o PEN Club, não se pode chegar de mãos vazias. Trago-lhes, minha gratidão, mas, também, minhas convicções e meu sonho. O sonho de nos tornar uma fraternidade capaz de lutar pela literatura, pelo livro, pelo escritor.

 

 Esse prêmio é de todos os historiadores presentes e ausentes, e também daqueles que amam nossa História. Dos que amam conta-la, narrá-la, restituí-la através das palavras, e de escrevê-la com as tintas do ontem e do hoje. Sobretudo porque a História impede que nos vejamos num tempo sem alternativas. Ela aponta, não o cultivo nostálgico do passado, mas a realização futura. O futuro promissor que anteviu Stephen Zweig acolhido pelo PEN Club quando chegou ao Brasil. O futuro de um país realizado e SE realizando. Se construindo em sua complexidade. O Brasil são vários – já diziam os ingleses no século XIX: Brazils. Os espelhos são múltiplos, diria Guimarães Rosa. Somos um país com todos as nuances e matizes de várias gentes e com passarelas entre culturas. Somos mestiços e mulatos, diz Caetano Velloso. Somos uma só nação ao abrigo de uma só língua, língua ao serviço da Literatura, da Poesia e da História.

 

Sim, o mundo mudou, o Brasil também. A desconstrução das ideias Iluministas (razão, verdade, progresso), substituída pelo diferente ou o singular nos interpela. Precisamos nos reinventar para não nos deixar aprisionar em caixinhas. E estar cientes de que num mundo globalizado, onde culturas se comunicam e se interpenetram, temos que apostar na criação e usar o livro e a língua não para acentuar conflitos. Mas, para ultrapassa-los. Por isso estamos ai: historiadores, escritores, poetas, irmãos em papel e tinta. Padre Vieira no Sermão da Terceira Dominga do Advento perguntava “quem és tu?”. A resposta não estava na essência, mas no fazer: “Sou o que faço”. Vamos, portanto, fazer juntos. Resistir ao apelo dos modismos estrangeiros, lutar contra negacionismos, escrever como dizia Goethe, “sem pressa, mas sem descanso”, trabalhar para construir com altruísmo e empatia a nossa Democracia das Letras, da qual o PEN Club é a Casa e o símbolo maior." 

 

Mary del Priore







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