O COMPLEXO TUBARÃO, A VACA E A PENA. *
Como acontece há 26 anos ininterruptamente, no dia 17 de março damos início a mais uma etapa do projeto “A vale, a vaca e a pena”. Uma tela branca e virgem será instalada na posição horizontal, sobre uma mesa colocada em varanda aberta voltada para o sudoeste e cercada de árvores frondosas. Isto, aqui, no nosso ateliê na Barra do Jucu, a cerca de 30 Km do Complexo Siderúrgico instalado em Tubarão.
Será feita uma demonstração para identificarmos o ferro, como componente expressivo da poluição atmosférica na nossa região. A experiência é muito simples: precisamos apenas de uma folha de papel e um imã, desses que enfeitam geladeiras. Basta varrer a poeira, que chega nas nossas casas ou na escola, para uma folha de papel, e passar o imã sob essa folha. O imã aglutinará as micropartículas de ferro, que se fizerem presentes na poeira, e com o movimento do imã sob a folha, o ferro aglutinado “abrirá estradas” no meio da poeira inerte.
*A troca do título do projeto, depois de 25 anos de atividades, acontece por ser nossa intenção estender a provocação artística a todo o Complexo Siderúrgico de Tubarão, que envolve mais de uma empresa. Também não é justo focarmos a nossa provocação artística apenas nas empresas poluidoras, quando o principal responsável é o nosso Governo. Em 2008, quando já existia uma consciência formada sobre a impropriedade da localização das siderúrgicas em Tubarão, e elas obtinham um lucro astronômico, sem cuidar com zelo da poluição, o Governador Paulo Hartung nomeou para a Secretaria do Meio Ambiente a ex-diretora da empresa encarregada da licença ambiental e autorizou a duplicação do parque siderúrgico, e, consequentemente, da poluição.
Acionadas na Justiça, as empresas provam, com laudos de pesquisas que financiam, que estão poluindo dentro dos padrões legais, e as multas aplicadas nunca são pagas.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a pandemia Covid-19 matou 3 milhões de pessoas (2020); e a poluição atmosférica, 7 milhões. Não se percebe a contradição no comportamento do Governo, que diz zelar pela vida dos cidadãos? E a inércia dos capixabas que enfrentam problema sério e letal? Como explicar?
No dia 6 de maio, transcorridos 50 dias da exposição da tela à poeira, será feito um desenho sobre ela, usando-se o dedo como pincel, e a poeira, ali depositada naturalmente, como tinta.
https://www.youtube.com/watch?
Kleber Galvêas, pintor. Tel. (27) 3244 7115 ateliegalveas@gmail.com
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