Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

terça-feira, 14 de julho de 2015

Material autoral Silvio R. Santos

POEMAS  DE SILVIO ROBERTO SANTOS
(Presidente da Academia Canindeense de Letras, Artes e Memória-ACLAMES)


1. APÓS UMA NOITE INFINITA

                                                         
Nas noites claras faz-se o amor sem fim,
Quanto guardado, nunca saberemos,
Em leitos navegando seus extremos,
E consumindo-se a si mesmo assim...

Não se detém em ti, não cabe em mim
A chama em que no gozo ascendemos,
Restante nos segundos que não temos
Roubado ao tempo, em recomeço, enfim,

Desvelando em escândalos secretos
Os atos delicados e concretos
Da mais amada flor umedecida,

Esse amor não se almeja satisfeito
E vive de incertezas, mas refeito,
A plenitude quer-se inatingida...


2. NOTURNO


Apressada caminha para casa
Numa rua talvez adormecida,
Fico a vê-la da esquina proibida
Na noite que essa madrugada abrasa...

Seu corpo amado nosso amor envasa
― impossibilidade acontecida,
Cada chegada faz-se despedida
Quando a paixão agita nua asa.

A brisa povoada de incerteza
Faz recordar lençóis abandonados
Onde a fúria de amar esteve presa...

Revejo-a em sons, desejo e nostalgia,
E temo esses adeuses adiados
Do mais definitivo adeus um dia...


3. SONETO DE VÉSPERA


Nem mesmo teu estado interessante
Frustrava o rubro amor do meio-dia,
Que no tempo tirano se imprimia
No lençol que continha aquele instante...

Minha bela, era eterno esse durante
Em face da partida que se via
Avizinhar-se, e louco te queria
como perfeita e delicada amante...

Como restar sem mais aquelas horas
Que a vida resumiu em nossa chama?
Outro desejo ardente te reclama

Perdido na distância em que demoras...
Só dessas fugas viverei mais tarde,
Enquanto nosso amor por ti aguarde...



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