POEMAS DE SILVIO ROBERTO SANTOS
(Presidente da Academia Canindeense de Letras, Artes e Memória-ACLAMES)
1. APÓS UMA NOITE INFINITA
Nas noites claras faz-se o amor sem fim,
Quanto guardado, nunca saberemos,
Em leitos navegando seus extremos,
E consumindo-se a si mesmo assim...
Não se detém em ti, não cabe em mim
A chama em que no gozo ascendemos,
Restante nos segundos que não temos
Roubado ao tempo, em recomeço, enfim,
Desvelando em escândalos secretos
Os atos delicados e concretos
Da mais amada flor umedecida,
Esse amor não se almeja satisfeito
E vive de incertezas, mas refeito,
A plenitude quer-se inatingida...
2. NOTURNO
Apressada caminha para casa
Numa rua talvez adormecida,
Fico a vê-la da esquina proibida
Na noite que essa madrugada abrasa...
Seu corpo amado nosso amor envasa
― impossibilidade acontecida,
Cada chegada faz-se despedida
Quando a paixão agita nua asa.
A brisa povoada de incerteza
Faz recordar lençóis abandonados
Onde a fúria de amar esteve presa...
Revejo-a em sons, desejo e nostalgia,
E temo esses adeuses adiados
Do mais definitivo adeus um dia...
3. SONETO DE VÉSPERA
Nem mesmo teu estado interessante
Frustrava o rubro amor do meio-dia,
Que no tempo tirano se imprimia
No lençol que continha aquele instante...
Minha bela, era eterno esse durante
Em face da partida que se via
Avizinhar-se, e louco te queria
como perfeita e delicada amante...
Como restar sem mais aquelas horas
Que a vida resumiu em nossa chama?
Outro desejo ardente te reclama
Perdido na distância em que demoras...
Só dessas fugas viverei mais tarde,
Enquanto nosso amor por ti aguarde...
Um comentário:
Caro amigo Vicente, agradeço a gentileza de divulgar essas tentativas de soneto, abraço do confrade da Aclame.
Postar um comentário