Em Quinta-feira, 9 de Julho de 2015 18:27, Vilemar F.Costa escreveu:
O papa Francisco foi presenteado pelo presidente boliviano com um artefato do sacerdote espanhol Luís Espinal, assassinado em 1980. Nada mais nada menos que a foice e o martelo servindo de cruz para Jesus.
Sabe – se que a Igreja prega justiça e as democracias ocidentais imaginam poder viver sob a justiça, mas a ameaça da não legitimidade de todos está latente. Então, na falta de novas promessas que possam reacender a tocha da legitimidade, a simbologia do passado reaparece como que dizendo: vejam, há algo lá no fundo de nós que tem legitimidade sim, vejam os símbolos pelos quais lutamos verdadeiramente, vejam como eles remetem ao que havia de bom e de idealista em nós.
A peça estranha presenteada, de autoria de Luís Espinal teve um sentido forte nos anos oitenta, quando a Teologia da Libertação estava em alta.
A foice o martelo de um lado, a cruz de outro, e então postas juntas dessa maneira, remetem a um tipo de memória, como que dizendo: vejamos como fomos sinceros, como podemos realmente acreditar que pobres deveriam poder sonhar e como que Jesus cabe bem nesse sonho operário marcadamente do século XIX e XX.
Esse presente esquisito que o Presidente Evo Morales concedeu ao Papa Francisco, contextualizado não se trata de uma exaltação de uma ideologia, afinal, o Presidente Evo não é um socialista do tipo ortodoxo, aliás, seu governo que tem recebido elogios internacionais, tem um traço mais social-democrata, salpicado de uma valorização da cultura indígena do país, cultura que foi tão maltratada durante séculos na Bolívia. Lendo sobre o sacerdote Luís Espinal Camps, é que se percebe mesmo que esse presenteamento ao Papa não teve muito de propaganda do comunismo, pois Luis Espinal era um padre jesuíta culto, professor de literatura grega e poesia latina, que desempenhou uma luta aguerrida na Bolívia em prol da Democracia e sobretudo pelos Direitos Humanos, ou seja, Luís Espinal não tinha nada a ver com o comunismo sovietizado stalinista que morreu em 1991. Evo homenageou um Papa Jesuíta rememorando um outro Jesuíta que morreu defendendo justiça social, democracia participativa, direitos humanos, direitos sociais e causas justas.
--
(85) 9937 2697 -- Vilemar F Costa - REPRESENTANTE COML. AUTONOMO / CONSULTOR TECNICO em T. I.
O ouro se prova no fogo; os amigos se provam na adversidade. As crises não afastam os amigos. Apenas selecionam.
A alma, se quer conhecer a si mesma, deve olhar para outra alma (Platão).
Nenhum comentário:
Postar um comentário