Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O ESCRITOR SE FAZ!

Eliane Arruda
Eliane Arruda7 de janeiro de 2015 23:56
O ESCRITOR SE FAZ!

Às vezes, apreciamos refletir um pouco sobre o que, de fato, caracteriza um bom escritor, já que não embarcamos nesta ingenuidade: o escritor nasce feito. Conforme a nossa ótica, ele pode muito bem ser despertado, passando, depois, a amar o ofício. Por que devemos considerar, também, que um mestre da pena já nasce propenso às vicissitudes redacionais? Chega de “achismos” sem uma análise mais aprofundada!
Carlos Drumonnd de Andrade, no texto “Como comecei a Escrever”, conta a sua trajetória desde a mais tenra idade, até chegar aonde chegou. Não se reporta, em nenhum instante, à genialidade ou dom, mas a um constante exercício de leitura e escrita a longo prazo, e as professoras de Língua Portuguesa sendo de grande importância para o seu sucesso.
Augusto Frederico “Schimidit”, também, despertou para a escrita por causa de um professor de Língua Portuguesa. Considerava tais aulas paulificantes, até a chegada desse novo mestre que lia um texto, impondo toda a sua emoção. Foi a gota d´água para que o adolescente começasse a ter gosto pela leitura e a escrita. Isso foi registrado por ele próprio em um de seus textos. Tiveram, portanto, os dois autores estímulo para se aventurarem no território da produção escrita.
Sabemos todas as dificuldades inerentes ao ato de escrever, todo o embasamento com o qual precisa contar uma pessoa a fim de chegar, fluente, à condição de verdadeiro escritor. Não consideramos nem a criatividade, já que nem todo escritor, necessariamente, precisa ser um “literato”, mas o domínio das técnicas que conduzem à maturidade do ofício, a qual se concretiza com exercícios, leitura continuada, observação e trabalho com o próprio texto...
Por sinal, para alguém nutrir a capacidade de expressão escrita, precisa não apenas de leitura e treino com a correção e a elasticidade da palavra, faz-se necessário, também, que o indivíduo seja “antenado” a tudo o que o cerca, tanto do mundo físico quanto dos acontecimentos, já que uma frase dita por alguém, um simples episódio podem sugerir-lhe, mais adiante, temas para a elaboração textual. Tudo é uma questão de saber disciplinar “o antes, o durante e o depois” da produção.
Um escritor pode até concentrar em si uma abertura mais profunda que a dos outros quanto à facilidade de expressão, entretanto não basta confiar só nisso, já que existe toda uma busca e preparação para o ato, a não ser que aprecie ser rotulado de amigo da superficialidade ou da mesmice. Deve, também, lutar com “unhas e dentes” pela sua independência, libertando-se mais dos pensamentos e palavras dos outros autores para ser dono da sua própria individualidade. Quantas pessoas não existem que se rotulam escritoras, mas se apropriam das idéias e das palavras de outras mais famosas, a ponto das expressões das primeiras passarem a fazer parte do rol dos clichês e das frases feitas! No início da vida de um autor, esse plágio pode até ser perdoado, mas depois?... “Quem não pode com o pote não pega na rodilha”, dizia um velho adágio.
Reflita, você, caro leitor, se um escritor nasce feito, depois de tudo o que colocamos acima. Será que apenas a propensão resolve toda a problemática? Escrever pode, sem dúvida, tornar-se um ato de magia, mas tendo como alicerce o que mencionamos anteriormente!

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