O TAMANHO DO BURACO
Os
números do PIB, inflação, desemprego e da maioria dos indicadores passam a cada
dia por revisão, sendo reajustados, invariavelmente, para pior. O PIB de 2015
seria positivo, embora modesto, depois levemente negativo. Chegou a uma queda
3,8%, recessão cavalar. A inflação ficaria dentro da meta, ainda que no limite
superior. As primeiras previsões para 2016 são piores. Caso se agravem, a
exemplo do ano findo, teremos desastre.
Temos
quedas expressivas nos setores automotivo, de imóveis, de confecções e muitos
outros. Estados e municípios já não podem pagar sequer o funcionalismo.
Municípios encontram-se em situação deplorável. A União, depois de um déficit
de 120 bilhões de reais, não fez o ajuste, nem fez ou tentou fazer as reformas necessárias.
A situação da previdência fica na discussão da idade e do tempo de
contribuição. Ninguém fala em separar as despesas da previdência daquelas da
Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Ninguém explica os motivos pelos
quais tais despesas devam onerar apenas os segurados, ao invés de serem
rateadas por todos os contribuintes de tributos.
Qual
é o tamanho do buraco?
O
quadro deste ano é mais desfavorável do que o ano anterior. A China declina,
indicando decréscimo das exportações de grãos e minérios. Os EUA iniciam uma
tendência para a alta dos juros. O petróleo, caindo de preço, pode até
favorecer o caixa da Petrobras, que continua vendendo combustível a preço dos
tempos de petróleo caro. Mas os preços baixos do “ouro negro” podem inviabilizar
o pre-sal, em quem depositaram-se tantas esperanças. No ano passado as
economias desenvolvidas cresceram 2%; as economias em desenvolvimento cresceram
5%; o mundo como um todo cresceu 3% e o Brasil encolheu 3,8%. Até a Colômbia,
em guerra civil, cresceu. O Brasil, porém, encolheu muito.
Agora
o mundo está crescendo menos. Estados beneficiados pela renda do petróleo serão
prejudicados pela queda na produção do setor. Os nossos produtos de exportação,
grãos e minérios, estão se desvalorizando e nada foi feito para debelar a crise.
As reformas nas áreas de tributo e previdência não foram sequer tentadas. Só
cuidamos de aumentar o Fundo Partidário.
A
solução da crise política é necessária à solução da crise econômica. Mas não há
solução previsível para ela. O caminho escolhido parece ter sido fazer uma
grande pizza da operação Lava Jato. Colaborações negociadas são modificadas ao
chegarem em Brasília. O núcleo político governista da organização criminosa
está incólume. Apenas os políticos dissidentes estão sendo pressionados,
enquanto os núcleos de empresários, com exceção da Odebrechet, e o de
tecnocratas estão sendo condenados. As empresas envolvidas na corrupção estão
sendo mimoseadas com uma legislação feita ad
hoc para salvá-las, sob o rótulo de acordo de leniência, desestimulando a
colaboração negociada, que poderia incriminar figuras situadas nas mais altas
esferas da República, retirando a confiança dos investidores e agravando a
crise.
Qual
será o tamanho do buraco? Ninguém sabe!
Fortaleza,
17/01/16
Rui
Martinho Rodrigues
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