Para homenageá-lo em poucas linhas, imaginei um suposto diálogo mantido com Deus na derradeira hora da sua partida, me valendo, para tanto, de algumas palavras de outro grande mestre, o escritor Bertold Brecht:
Aos primeiros minutos do dia 25/10/2012, Deus apareceu para Victor e disse-lhe:
- Victor, revertere ad locum tuum !
- Senhor, por que queres que eu retorne ao pó?
- Venho observando a tua luta incansável ao longo dos últimos anos, travando o bom combate pelas causas preservacionistas e culturais com a espada das palavras.
- Mas Senhor, existem tantos outros combatentes muito bons para isso...
- Sim, é verdade. Tem homens que lutam um dia, e são bons. Tem outros que lutam um ano e são melhores. E tem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, existem aqueles que lutam por toda a vida, como você: esses são os imprescindíveis!
- Então, não sou mais imprescindível nas lutas terrenas?
- Victor, o mundo está muito louco. Preciso da tua ajuda aqui comigo, pois temos um grande trabalho para realizar. Por isso, resolvi promover-te para uma nova categoria. Antes, eras imprescindível. Agora serás insubstituível!
E assim, logo após soar o último apito do expresso eternidade, Victor embarcou em direção à Grande Estação Celestial, deixando-nos um pouco mais órfãos e solitários aqui na terrena Estação Saudade.
E vai nos fazer uma falta danada!"
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O texto acima foi por mim elaborado para compor uma das orelhas do livro póstumo de Victor, Volta Grande, Estação Primeira. Conheci o professor precisamente em 16/09/2000, durante o IV Seminário sobre Preservação Ferroviária no Hotel Senac Grogotó, em Barbacena/MG. Ficamos amigos de pronto e de lá pra cá praticamente participei de mais da metade dos incontáveis (mais de cem?) Seminários que ele incansavelmente tinha o prazer de promover através do MPF-Movimento de Preservação Ferroviária, também por ele fundado que procurava resgatar a importância do universo ferroviário e a cultura preservacionista, pelas veredas intermináveis deste Brasil meio descarrilado. Em anexo, vcs vão encontrar um belo texto de sua autoria - Canção para o Trem que não Voltará - que revela o seu lado preservacionista, extraído do seu primeiro livro O trilho e a Flor.
Muito aprendi com ele e tentei, sem muito sucesso, absorver algumas das suas virtudes, tais como: paciência, doçura, persistência, camaradagem, dedicação, esforço, liderança e muitas outras, o que o credenciavam como um ser humano único, daqueles que podem ser classificados como INSUBSTITUÍVEIS.
A Domingueira Poética foi uma dentre as suas inúmeras e inspiradíssimas criações, espaço esse que venho tentando dar continuidade em sua homenagem, obviamente sem o mesmo brilhantismo e sem a constante disponibilidade do professor em atender as pessoas e as causas (a foto que ilustra a domingueira e dele, e foi tirada nas oficinas dos Bondes de Santa Teresa, em 2011). Também não poderia deixar de registrar que a AFL - Academia Ferroviária de Letras (também por ele fundada) está preparando uma homenagem para o dia 11/11, cujos detalhes enviaremos oportunamente.
Finalizando, se me permitem, gostaria de dividir com vocês - sobretudo com os domingueiros que não o conheceram -, um dos seus poemas escritos há 25 anos atrás, que ele quis compartilhar quando estava atravessando o momento mais difícil da sua vida que, infelizmente, o levaria a sucumbir algumas semanas mais tarde; contudo, sem perder a fé e a esperança, jamais.
Boa leitura; bom domingo.
Pastori
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