Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mudanças na Igreja


Mudanças na Igreja

                                                                    Gilson Barbosa (*)

O mundo católico foi surpreendido, há quase duas semanas – no Brasil, em pleno carnaval - , com o anúncio da renúncia do papa Bento XVI, fato que foi justificado, pelo pontífice, em decorrência de sua idade avançada (85 anos) e de uma série de problemas de saúde que, na sua ótica, não mais permitiriam que continuasse a ocupar a cadeira de Pedro, tarefa espinhosa que exige uma disposição hoje inexistente em Sua Santidade, diante dos desafios que enfrenta a Igreja no planeta. No domingo passado, Joseph Ratzinger, durante sua primeira bênção do Ângelus desde o anúncio de sua renúncia, convocou novamente a Igreja e seus membros a se renovarem e se reorientarem em direção a Deus, “rejeitando o orgulho e o egoísmo”. 

O pontificado de Bento XVI – sucessor de João Paulo II no comando da instituição que congrega mais  de um bilhão de católicos pelo mundo – foi marcado por uma série de polêmicas, como ocorreu, por exemplo, durante sua visita ao Brasil, em 2007, quando criticou a pesquisa com embriões, entre outros temas controversos. Entre 2009 e 2010, manteve silêncio diante do escândalo envolvendo casos de pedofilia no clero da Irlanda, numa situação difícil que já ocorria e se repetiria em outros pontos do planeta, envolvendo representantes da Igreja Católica. Em janeiro do ano passado, além disso, eclodiu o chamado Vatileaks ( expressão análoga ao nome do famoso sítio Wikileaks, da internet, que desnudou para o mundo uma série de informações secretas ), quando foram divulgados documentos confidenciais do Vaticano que confirmam as lutas intestinas para o cumprimento das normas sobre a transparência na Igreja. 

Desde o papado de Gregório XII (1406-1415) a renúncia não ocorria no âmbito da Santa Sé, que deverá, após a renúncia formal do papa, dentro de mais alguns dias, iniciar os preparativos para o próximo conclave cardinalício que elegerá seu sucessor. Tremenda responsabilidade pesará sobre os ombros dos 117 cardeais aptos a votar, todos abaixo da idade limite de 80 anos, conforme as regras canônicas. Mudanças ocorrerão na Igreja e os católicos esperam que o novo Sumo Pontífice possa recobrar o vigor do corpo e do espírito ausente, hoje, em Bento XVI, para conduzir com equilíbrio a barca de São Pedro perante as grandes questões sociais e religiosas do mundo atual. 

                                                                                                      (*) Jornalista. 

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