POR UM FIO
Margarida Alencar
(Da Academia Camocinense
de Ciências, Artes e Letras – ACCAL)
Férias, enfim! Nem acredito que
estou de férias.
Depois de muito pensar, resolvi
aceitar o convite de minha amiga Alice, e passar uns dias em sua casa, a casa
de seus pais, no interior do Estado.
Arrumamos nossas valises e fomos
de trem. Que ótima viagem!
Chegamos à noitinha, e todos de
casa foram nos esperar na estação bem iluminada.
Muitos abraços, beijos e chegamos
em casa. Após colocarmos os assuntos em dia, jantamos e fomos dormir.
Acordamos cedo e fomos caminhar
um pouco, à beira da praia.
Ao voltarmos, todos já estavam
nos esperando para o café.
O dia passou rápido, sem nada
para fazer e, à tarde, fomos dar uma volta pela cidadezinha.
De repente, Alice me convidou:
– Vamos ao hospital, pois eu
soube que lá está uma grande amiga minha.
– Claro, vamos logo.
Ao chegarmos lá, fomos à
recepção, e a encarregada nos informou que o caso da amiga de Alice era bem
complicado, mas nos autorizou a ir até o apartamento dela.
Quando chegamos à porta, um
médico foi saindo às pressas e dizendo:
– Ela precisa de uma transfusão,
urgentemente, alguém aqui tem o tipo de sangue O+?
Todos responderam que não, e eu,
como que sonhando, disse que tinha, sim.
O médico sorriu e disse:
– Então, mocinha, você já teve
hepatite?
Respondi negativamente.
– Venha, venha, que a moça está
precisando do seu sangue.
Vi-me levada para o apartamento e
deitada em uma maca. Imediatamente, o doutor improvisou – colocou uma agulha
com borracha no meu braço esquerdo e a outra ponta, com outra agulha, no braço
da doente.
– Pronto! Ela está salva graças a
você, mocinha.
A “mocinha” de quem ele estava
falando era eu. Eu? Sim, acho que o meu sangue está salvando aquela doente.
Que coisa estranha!
Trinta minutos depois, o doutor
tirou as agulhas, pediu que eu me levantasse, vagarosamente, e tomasse um suco
de laranja, que já estava ali, ao lado.
Assim fiz e, meia hora depois,
estava saindo do hospital, totalmente refeita.
Ao chegarmos à porta, duas
senhoras nos alcançaram.
– Moça, você salvou minha filha,
o doutor disse que ela agora já pode se recuperar. Muito obrigada, muito
obrigada mesmo.
– Não há de que, senhora.
E saímos, Alice e eu abaladas com
o desenrolar dos acontecimentos.
De repente me dei conta:
– Alice, e eu nem sei como se
chama a moça para quem acabo de doar sangue!
– Maria José, é Maria José o seu
nome.
MARGARIDA ALENCAR
– Advogada, pertence à Academia Camocinense de Ciência, Artes e Letras – ACCAL,
sendo autora do livro de contos “Sombras na Parede”. É sócia Honorária da
ALMECE e colaboradora dos jornais Correio Cearense e Café Literário.
Coordenadora do Movimento Cultural Terça-Feira em Prosa e Verso que se realiza
em Fortaleza desde o ano 2000. Escreve crônicas e artigos. A poesia também é
exercitada com produção em menor escala. Cultiva desde a infância o hábito de
ler, admirando grandes autores nacionais e do exterior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário