Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

domingo, 18 de novembro de 2012

O BULE DE CAFÉ Vicente Alencar


O BULE DE CAFÉ

Vicente Alencar

(Da Academia Fortalezense de Letras e 
da Academia de Letras dos Municípios
do Estado do Ceará - ALMECE.)



O bule do café de minha Mãe
era de ágata.
E, toda tarde, 
exatamente, às três e meia,
exalava, por toda a casa, 
o aroma conhecido de todos.

O perfume da rubiácea,
(que rubiácea que nada)
Era o café mesmo!
Daqueles grãos amarelos
que logo se tornavam pretos, 
no tacho.

Velho tacho da casa de meu avô,
ode a preta Brasilina,
com todo o amor, torrava o bicho
e, depois, o encaminhava ao pilão
para que se transformasse em pó.

Assim como o homem que nasce,
morre, se transforma em pó.

O café da minha Mãe!
O bule já não existe, 
o café, também não.
Só ficou esta lembrança de ontem,
que, nesta escrita, se transforma em hoje.

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