Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

CLUBE DOS POETAS DE FORTALEZA 30 de Janeiro de 2023

 CLUBE DOS POETAS DE FORTALEZA

30 de Janeiro de 2023
Par aqueles que são do rAMO

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1) Meu corpo, meu companheiro

 

Corpo moldado,

nas entranhas de minha mãe,

Traz o feito de grande amor.

De duas células que se misturam

Venho eu, filho de Deus e do amor

 

Subindo, sempre subindo

Aterrisso no primeiro ‘plateau’

Infância alegre, travessuras

- Sapeca e traquinas –

Primeiro olhar que nunca me sai

 

Subindo, sempre subindo

Eis um segundo ‘plateau’

Adolescência, independência

- Paixões, passagem atrevida –

Colore-me anos de infância

 

Subindo, sempre subindo

Chego a um terceiro ‘plateau’

Adultície me inflama carinho

- Sonhos, determinação, caminho -

Soma, não subtrai nadinha

 

Subindo, sempre subindo

De um novo ‘plateau’

Diviso o pôr do sol

- Missão cumprida –

Gratidão a cada plateau galgado

 

E assim continuo subindo

Subindo, sempre subindo

No peso do corpo a leveza d’alma

Nas fímbrias da vida, as fases se integram

Uma e todas me fazem o que sou.

 

Infância, eu te agradeço

Adolescência, estás inda comigo

Adultície, não te deixo nunca

 

Maturidade, qual nome tu sejas,

De meu surrado, porém jovem e querido corpo

Amor, fé, esperança, seguro abrigo.

2) Memórias de um viajor

Sou viajor

No tempo

Não do tempo

 

De cada ocaso anunciado

Vai nascer

Um amanhecer previsto

 

Albor chegando

Fúlvido fio matreiro

Irrompe e augura no espaço

 

Já não estou

No ontem.

Ele efetivo passou

 

O presente

Me fascina

Do passado me ensina

 

O amanhã imagino

Até que o construa

Com dores, alegrias e amor

 

O presente será passado

Parido seu filho

No colo do futuro

 

Sou viajor

No tempo

Não do tempo

 

Quando último ocaso

Me vier acolitar

Nascerei noutro lugar

 

A fé me levará

Nos braços da esperança

No aconchego do amor.

3) (M) eu sonho

Um sonho me desperta,

Desperta-me um sonho.

Ele está cheio de mim,

Lençol, toalha, sandálias.

Ousado e atrevido,

Nada oculta de mim.

Eu levo um sonho,

Não me leva ele.

Enfrento tempestades,

Atravesso correntezas

Sonho vivo

Vive em mim.

E eu nele me transformo,

Marcha uníssona.

Alimento-o,

Não me devora.

Prezo-o,

Dele me arvoro

Com vigor,

Firme, segue-me

Não o deixo,

Nem ele me prende.

Levo-o livre

Como livre eu sou

Livre eu vou

Livre

Sou e vou

Decidido por liberdade,

Louros me adornam.

Batalha ganha,

Vitória vigilante.


4) Deus é

Se Deus não é Princípio,

Que mente nos gerou,

Que poder nos ergueu?

Se Deus não é Princípio,

Que mente prodigiosa

Fez maravilhas tão lindas?

Se Deus não é princípio

quem esculpiu da natureza a beleza

E ao homem tanta perfeição outorgou?

Se Deus não é Princípio,

Quem cria?

Quem encontra?

Quem zela?

Se Deus não é Princípio,

Sem princípio não há fim

Sem fim não há começo.

Ó arrogante mente humana,

encastelada em teu orgulho,

triste fim sem princípio

Nada mais que limites

fragilidades estreladas

nada mais que zorra,

imaginação e caos.

Na tua força,

Vã e inútil oboé,

conheces, choras,

E te manipulas

O orgulho desfralda

Despreza,

Pirraça.

Subverte.

A terra te retorna

humilhado, fulminado

Identidade ao lixo

perfil minado

Só um Princípio

Inteligente e capaz

Faz jus ao amor

Faz sorrir a vida.

Deus, ó Deus, se não existes,

Sou um apenas fantasma

No caos irrisório de mim mesmo

Vagando em ilusórios vãos.

Deus, ó Deus, se não existes,

Sou matéria triturada

Infeliz ter nascido

Para desmilinguir em tétrico abraço da morte

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