Príncipe Ribamar
Geraldo Duarte*
Juazeiro do Norte, terra destaque pela extraordinária riqueza cultural, em especial nas manifestações literárias e artesanais, também registra expressivas personalidades do mundo folclórico.
Dentre essas celebridades populares, o juazeirense Joaquim Gomes Menezes, nascido na Rua do Horto, revelou-se marceneiro afamado, criando artísticos móveis residências. Ademais, sobressaiu-se idealizando e construindo todo o madeiramento do teto da Igreja Matriz de Ipaumirim.
Solteirão, morava na casa da mãe e, devido ao inesperado falecimento dela, o trauma causou-lhe aluamento. Daí, fez-se Príncipe Ribamar da Mata Fresca, filho de nação estrangeira e, tal e qual Dom Quixote buscando Dulcinéia, criou a Princesa Gioconda, herdeira do reino da Eslobóvia.
Alto, moreno, esguio, elegante, trajava brancas calça e casaca, esta com botões dourados, coberta de simuladas medalhas e condecorações. Sobre a cabeça, chapéu adornado de penachos vermelhos. Sapatos pretos de fivelas prateadas. Talabarte cruzando o peito, atado ao cinto e fixando as armas reais. Uniforme de gala, usado em festividades e solenidades, nas quais tomava lugar de honra e, assim, era admitido pelas autoridades.
Educado, respeitador e cerimonioso, portava sempre na maleta, de madeira e fórmica, grandes projetos a serem executados na região caririense e inservíveis cheques milionários do exterior, que tentava descontar nas agências bancárias.
Em 1957, inexistindo aeroporto para as aeronaves do principado, convocou voluntários e, na serra do Horto, abriu clareira e demarcou um para o Cariri. Dado isso, o inesquecível artista José Wilker, em 1995, escreveu a crônica O Príncipe Ribamar e findou sugerindo: “Eu acho que, por justiça, deveria ser chamado de Aeroporto Príncipe Ribamar.”.
Na próxima semana, os fabulosos programas, trabalhos e ações monárquicas em Príncipe Ribamar II.
*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
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