INÉRCIA E ESPERANÇA
As jornadas de 2013
pareciam indicar que o Gigante adormecido havia despertado. Depois de um lapso
de tempo relativamente curto, surgem escândalos capazes de abalar o mundo. O
gigante, porém, não se abala. Diferentes correntes políticas tentam fazer
manifestações. Elas acontecem, mas são ajuntamentos sem expressão. Afastar um
grupo cujos escândalos haviam se tornado óbvios (PT), levou a entrega do poder
a outro grupo (PMDB), sócio do primeiro nas suas “tenebrosas transações”
durante treze anos. Logo surgiram os escândalos envolvendo os ex-sócios que
permaneceram no poder. Um terceiro grupo, que nos últimos anos queria aparentar
postura oposicionista, mas sem se esforçar muito para tanto (PSDB), aliou-se ao
segundo grupo, o PMDB. Surgiram então os escândalos entre os líderes do PSDB.
A maioria silenciosa
havia falado. Afastar um grupo que além de roubar administrava de modo
desastroso era uma atitude razoável quando se tinha a esperança em uma nova
administração diferente da que fora repudiada. O segundo e o terceiro grupos,
PMDB e PSDB, todavia, encontram-se sob gravíssimas suspeitas. Sair às ruas sem
ter em vista líderes, partidos ou programas com credibilidade não é uma
proposta tentadora. A divulgação do áudio da presidente Dilma combinando com
ex-presidente Lula uma maneira de obstruir a ação da justiça, levou multidões
às ruas imediatamente, sem ninguém convocar. A polêmica gravação do presidente
Temer dialogando com o Wesley Batista não levou multidões às ruas, por mais que
os “vaqueiros da boiada cidadã” se esforçasse para promover manifestações na
linha “fora Temer”.
A ausência de
manifestações autênticas não se deve ao aspecto polêmico da suposta prova.
Deve-se, ao contrário, ao descrédito generalizado dos homens públicos. Quando
partidos, líderes, programas e doutrinas políticas estão desacreditados o povo
desanima. Manifestar-se por quem? Por qual programa ou partido? Por qual doutrina
política? Quando a descrença é generalizada não há manifestação expressiva.
É desastroso
desacreditar da política. Mas este descrédito tem fundadas razões. Precisamos
reconstruir estruturas partidárias, líderanças e programas exequíveis, dotados
de efetividade.
Fortaleza, 23 de julho
de 2017
Rui Martinho Rodrigues
Publicado
no blog da ACLJ e no jornal on line Segunda Opinião.
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