Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 6 de março de 2017

"O Construtor de Gente"

"O Construtor de Gente"
A todos vocês, professores ou não, porém, empenhados em construir pessoas e se saberem eternos aprendizes da vida!
O economista participava de um debate, em que se discutia o desemprego e, após um engenheiro falar sobre a contribuição da construção civil na demanda por mão-de-obra, o mediador, entre irônico e sério, fez a seguinte afirmação-pergunta: "os professores não constroem pontes; logo, o que eles podem fazer para ajudar a diminuir o desemprego?"

Sem tempo para pensar, o hábil polemista respondeu, também entreirônico e sério: "realmente um professor não constrói pontes, não levanta edifícios, não pilota aviões, não cura doentes... Essas atividades tão visíveis e responsáveis por tantos empregos.

O professor se contenta com algo mais simples: ele prefere construir o engenheiro que levanta as paredes, instruir o comandante que faz o avião voar, formar o médico que cura, e ensinar os jornalistas a fazerem perguntas embaraçosas.

O professor não constrói coisas... Ele constrói as pessoas que fazem as coisas, ou pelo menos ajuda as pessoas a construírem a si próprias.

Dizia Immanuel Kant que o homem é a única criatura que precisa ser educada e a educação é a arte de formar os homens; isto é, desenvolver neles simultaneamente as faculdades físicas, intelectuais e morais.

Os animais são resultado de uma fatalidade biológica; mas o homem, conquanto tenha sua porção animal, por sua biologia, é um ser dotado de propósito consciente.

Nesse sentido, o animal-homem é uma entidade ética, capaz de construir, mudar e aperfeiçoar seu pensamento, sua conduta e suas atitudes.

Ortega y Gasset dizia que a vida nos é dada, mas não nos é dada pronta. O homem carrega, para além da sua fatalidade biológica, a responsabilidade de desenvolver o seu projeto de vida de acordo com sua livre escolha entre as várias opções que lhe são oferecidas para buscar a sua felicidade.

Aí está o papel do professor, que não constrói pontes, mas que ajuda o homem a desenvolver a si mesmo, a moldar sua ação e erigir seu edifício intelecto-moral.

O professor é um transmissor do seu saber, que deve deixar ao aprendiz o papel de escolher e construir a sua própria obra.

É na modéstia do seu propósito que o professor tem a nobreza da sua missão.

E vale a pena lembrar a poesia do biólogo chileno Humberto Maturana, feita para um professor do seu filho, que inibia o desabrochar da criatividade da criança querendo impor-lhe um modelo rígido.

A poesia, denominada Prece do Estudante, pode ser vertida para o português da seguinte forma:

"Não me imponha o que você sabe;

quero explorar o desconhecido,

e ser a origem das minhas próprias descobertas.

Que o seu saber seja minha liberdade, não minha escravidão.

O mundo de sua verdade pode ser minha limitação;

sua sabedoria, minha negação.

Não me instrua; vamos caminhar juntos.

Deixe que minha riqueza comece onde a sua termina.

Mostre-se a mim, de maneira que eu possa

subir em cima dos seus ombros, e ver mais longe.

Revele-se para que eu possa ser

alguma coisa diferente.

Você crê que todo ser humano

pode amar e criar;

Compreendo, por isso, seu medo,

quando lhe peço que deixe-me viver de acordo com minha sabedoria.

Você nunca saberá quem eu sou,

se escutar apenas a si mesmo.

Não me instrua; deixe-me ser;

seu fracasso é que eu seja idêntico a você."


 
 
 
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http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/almirsater/mp3-tocando-em-frente/
 

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