DIÁRIO
DO NORDESTE
Fortaleza, 26 de dezembro
de 2014
Será que errei?
Aproximadamente, há trinta anos, governava o Estado do Ceará, fui
convocado pelo vice-presidente da República, Dr. Aureliano Chaves, para
trocarmos idéias acerca da sucessão presidencial. Pertencíamos ao PDS. Com a
não aprovação pelo Congresso Nacional, infelizmente, da emenda Dante de
Oliveira (Eleições Diretas), a sociedade brasileira passou a debater a eleição
do presidente mediante o Colégio Eleitoral.
Despontavam três candidatos: governador Tancredo Neves, deputado
Paulo Maluf e ministro Mário Andreazza. A disputa ficou polarizada entre
Tancredo e Maluf. Nos encontros que mantive com o Dr. Aureliano, resolvemos nos
afastar do PDS, iniciamos um movimento de apoio ao então governador de Minas
Gerais, Tancredo Neves. Este contava com a solidariedade do PMDB, evidente, bem
como dos dissidentes do PDS; já Maluf com o apoio do PDS. A disputa ganhou as ruas
e parecia ser uma eleição direta. Tancredo, por suas ideias democráticas,
competência, honradez e espírito público empolgou o povo brasileiro. Maluf e
alguns aliados desenvolviam um trabalho pouco ético e tentavam conseguir
adesões políticas. No dia 15-01-1985, venceu a seriedade de Tancredo.
Porém, o destino foi cruel: por motivo de saúde, o vencedor não
assumiu e faleceu no dia 21/04/1985. Quanta emoção e tristeza dos brasileiros!
Maluf, apesar dos problemas com a Justiça, continua na vida pública e recentemente
foi considerado deputado federal "Ficha Limpa". É difícil entender.
Todavia, graças a Deus, a meu juízo, não errei. Pela redemocratização do
Brasil, faria tudo de novo.
Gonzaga Mota
Ex-governador, professor e escritor
Ex-governador, professor e escritor
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