Machado
Numa roda de amigos, em Brasília, assuntos variados e polêmicos eram debatidos. Política, economia, cultura, religião, futebol, etc. Num determinado momento, resolvi enaltecer os valores da minha querida terra, comparando-os com os do Brasil: maior jurista, Clóvis Beviláqua; maiores maestros, Alberto Nepomuceno e Eleazar de Carvalho; maior escritora, Rachel de Queiroz; maior poeta popular, Patativa do Assaré; maior sacerdote, Padre Cicero; maior romancista, José de Alencar; maior humorista, Chico Anysio; maior heroína, Bárbara de Alencar; maior historiador, Capistrano de Abreu. Pediram para eu parar, senão os outros Estados não teriam figuras para mencionar. Atendi ao apelo e disse que o sentimento de cearensidade que me dominava naquele momento era também de brasilidade, de vez que em todas as unidades da Federação existiram, existem e existirão mulheres e homens dignos de nossa admiração, respeito e orgulho. Todavia, a presença de um carioca arrogante, porém boa gente, deu-me estímulo para voltar a falar, pois o cidadão havia esquecido o que de melhor já nos deu o Rio de Janeiro: Machado de Assis. Moleque mestiço do Morro do Livramento e descendente próximo de escravos, lutou e venceu no Rio na segunda metade do século XIX e no primeiro decênio do século XX. Romancista, poeta, cronista, jornalista, Machado foi tudo que uma pessoa poderia ser no exercício das atividades intelectuais, externando um brilhante estilo introspectivo. Participou de vários movimentos políticos e culturais, bem como fundou a ABL. Todos nós, brasileiros, somos "machadeanos".
Gonzaga Mota
Professor e escritor
Professor e escritor
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