LUZ
Um pássaro entrou pela porta entreaberta
dessa casa quase deserta
rodopiou sobre si mesmo
em suaves gorjeios
Depois se elevou em exaltados cantos
até despertar o menininho cego
pousar em sua mão esquerda
e transformar-se
em lágrimas de PAZ
gota
a
gota!
CANÇÃO DE POETA PELA PAZ
A OCTAVIO PAZ ( IN MEMORIAM)
Ontem a noite esfriou... E a imaginação engravidou-se dos opostos
ouvi sua voz universal e entoei uma canção
A nossa e a de todos os poetas enamorados pelo silêncio entrelaçando a forma... E a Paz!
era um grito de alerta transcontinental, além
mais uma criança falece... de fome construída, e essa violência humana: a indiferença
com a vida com a poesia com a esperança
Estavas ali, a sorrir
próximo ao cais... Eu vi!
De poeta a poeta,
desfiava o avesso do avesso das palavras
e sobre o papel girassóis brotavam afoitos, impactante visão.
E num raso espetacular atravesso o espaço-tempo e capturo o poema
na loucura itinerante, e sei que a "outra voz" em mim penetra ágil e funda o dizer:
- Siga-me!
Suplico-lhe emocionada:
- Dá-me a visão!? Ó coração de poeta... Pela Paz
E a imagem vem pétala de ti entretecida no silêncio e nos enigmas
desse verso azul
da pele do verbo cósmico... Desse diálogo pleno exalam rosas vermelhas rubras chás brancas e amarelas
rolam bálsamos em seus lábios caliente do carmim da noite
Ó doce coração de poeta!
Como sangras como pulsas acelerado na emoção do instante, esse
coração apaixonante.
Em dialética a imagem real traz crianças desprotegidas violadas e silenciosas
desgraçadamente inocentes com seus panos gastos pobres espantando urubus bicudos
e rudes políticos rapinas que as esmagam no tempo e na unha
A palavra-voz: grita vergonha para a humanidade
- KWASHIORKOR!
Quem consegue ouvir?
Quem poderá ler?
Quem conseguirá escrever?
Quem ousará sentir?
Pensar/sentir na pele a dor... Empatia...Amor!
Por causa dela e por ela... Queremos a PAZ... Ave... Esperança!
vivemos lutamos choramos a agonia de pressentir a Outra Voz
( a mesma e sempre... humana voz)
a erguer Fênix... Para voar na amplidão da memória dos povos... Nos ares nas tardes
de confusão e de noites frias
Entretanto,
do centro da forma... Soa! Converge!
e a voz do coração do enigma ecoa:
- Sai poesia! Paz entre os homens de boa vontade!
Leve esse grito aos mais altos cumes e ressoa:
- JUSTIÇA! JUSTIÇA!
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