Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

MOTOCICLISTAS NO TRÂNSITO Celina Côrte Pinheiro



MOTOCICLISTAS NO TRÂNSITO

                                                                       Celina Côrte Pinheiro

            O número de motos no Ceará cresce a cada dia. Isto não surpreende, pois se trata de um veículo de custo acessível, dimensões reduzidas e com deslocamento ágil, elemento importante, sobretudo nas grandes cidades que sofrem com os corriqueiros engarrafamentos. Segundo o DETRAN, há no Estado do Ceará 867.881 motos, sendo 675.662 motos no interior e 192.219 na capital. Apenas 158.116 motociclistas são habilitados com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), categoria A. Estes números são preocupantes visto que no Brasil, enquanto 6% a 7% dos acidentes com automóveis produzem vítimas, naqueles envolvendo motos, esta proporção oscila entre 61% e 82%, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O grupo etário mais comprometido se encontra entre 15 e 39 anos.  
            No período compreendido entre 2002 e 2011, o número de motociclistas mortos no trânsito cearense passou de 258 para 761, o que significa um aumento de 195%. No ano de 2011, a estatística do DETRAN-CE revelou que, entre as vítimas fatais em acidentes no trânsito, 44,47% eram motoqueiros ou garupeiros. Entre as vítimas não fatais, com ferimentos de leves a graves, a proporção elevou-se a 60,45%.
            Vias inadequadas para a crescente utilização deste veículo e o desrespeito de que são vítimas em um trânsito desumanizado aumentam os riscos para os motociclistas. Contudo, muitos desafiam as regras de trânsito e a própria sorte. São afoitos, negligentes com a legislação do trânsito, vítimas de sobrecarga de trabalho, fazem uso do álcool e/ou drogas psicoativas, sem se preocupar  com a gravidade dos traumatismos a que se encontram sujeitos. O capacete, um dos itens de segurança, nem sempre presente e de boa qualidade. É oportuno lembrar que nossa vulnerabilidade não se concentra apenas na cabeça, guardiã de uma porção nobre do organismo. Ela se estende por todo o corpo. Não há partes sem importância. As lesões em membros e no tronco também podem produzir grave incapacidade, temporária ou permanente, e até o óbito. Os motociclistas devem ser conscientizados quanto aos riscos a que se encontram sujeitos, pela exposição de qualquer segmento corpóreo.  
            Na tentativa de redução de acidentes, é importante que os motociclistas utilizem capacete e roupas adequadas, evitem ziguezaguear nas rodovias, respeitem a velocidade, evitem subir nas calçadas ou realizar ultrapassagens inseguras e não se arrisquem na perigosa combinação álcool e trânsito. As leis de trânsito são benefícios criados para organização do tráfego e proteção da população. Quando obedecidas e associadas à cortesia no trânsito reduzem o número de vítimas, sobretudo aquelas mais vulneráveis (motociclistas e pedestres). Nossas estatísticas podem melhorar.

                                                           ***
Fortaleza, 28/10/2012

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