Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

domingo, 18 de novembro de 2012

ABRIGO CENTRAL


ABRIGO CENTRAL






Wilson Ibiapina

Esta foto do Abrigo Central foi enviada pela engenheira Tereza Câmara Costa, mulher do meu amigo Rubens. Ela sabe que curto a Fortaleza que o progresso carregou e que existe hoje apenas na memória dos mais velhos.

Eu estava na praça do Ferreira, coração de Fortaleza, na véspera da demolição do Abrigo. Lembro da foto tirada naquela noite. Era o ano de 1967, não sei mais o dia. O pessoal que frequentava a praça à noite posou para a posteridade. Estava lá, mas não apareço na foto. Tenho a impressão que me passaram a câmara e pediram para tirar o retrato. Só pode.

Prefeito Acrísio Moreira na central
Em 1949 o prefeito Acrísio Moreira da Rocha mandou abrir licitação para a construção de um abrigo para pessoas que esperavam ônibus. O empresário Edson Queiroz ganhou e em novembro daquele ano ele inaugurou o AbrigoTrês de Setembro, o maior ponto de encontro da capital. Os ônibus que passavam na porta da minha casa, na avenida Padre Ibiapina, os circulares 24 e 25, faziam ponto no Abrigo. Era lá que políticos, comerciantes, estudantes, músicos, gente de todas as classes se reuniam para discussões, comentários sobre política, futebol, religião, mulher, enfim, todos os assuntos que chegassem na roda. 



Pedão da Bananada
Além dos cafés Wal-Can, Hawaí e Presidente, funcionavam também a Livraria Alaor, a banca de revista e jornais do Bodinho. Não sai da memória as casas de merendas. A do Pedão da Bananada era a mais conhecida. Ele era torcedor fanático do Ceará. Um empregado dele, Colares, era fã do Gamaliel Noronha, pra quem ligava diariamente para pedir uma música no programa Alma Sertaneja, que ia ao ar na Dragão do Mar: "Maiel, aqui é o Colais, do Pedão. Fala neu, bota uma música e depois passa aqui pra tomar uma verdinha.” Ele se referia a vitamina de abacate, que no Ceará é conhecida como abacatada. Os liquidificadores rodavam sem parar preparando as vitaminas de frutas que eram acompanhadas de sanduíches, os famosos “cai-duro”, “espera-me no céu”, pão com carne moida e coentro. Pastéis de carne de alma e caldo quente para os que chegavam da farra. 
Parte interna do abrigo
Naquele tempo todo mundo merendava. Não se ouvia a palavra lanche, muito menos lanchonete. Sem que soubessemos, inauguramos alí as primeiras casas de Fast-food da cidade. Aliás, o fast-food virou sinônimo de um estilo de vida estressante que vem sendo criticado desde o final do século passado. Mas aí é papo pra outra conversa piaba.








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