ESCULTURA NO CONVENTO
A construção do Convento da Penha, Vila Velha (ES) iniciada em 1566 por Pedro Palácios, só alcançou o aspecto atual no princípio do século XX. Nos séculos XVII e XVIII, foram feitas as principais obras, patrocinadas pelo fluminense Salvador Corrêa de Sá e Benevides, que doou à Penha (1652) “ordinária anual de trinta cabeças de gado”, mantida por quase 200 anos, até 1846. Em troca o Prelado-Mor da Bahia lhe concedeu e aos descendentes, o título de “Padroeiros Venturosos do Convento”. Os festejos da Penha só começavam com a chegada da romaria de Campos, vinda por mar.
O Convento abriga esculturas de fina talha, que datam de cinco séculos. São peças representativas da arte religiosa do Renascimento e do Barroco. Primorosas e bem conservadas, estão em altares nas laterais da nave da igreja e no museu.
Jose Fernandes Pereira e o marceneiro Pinin executaram a decoração em madeira, envernizada e dourada pelo francês Augusto Roner.
A restauração e complementação do altar-mor, com mármore de Carrara, foi presente do paulista Cícero Bastos ao genro, governador Jerônimo Monteiro, autor do “Veto da Penha” (Vetou em decorrência da Constituição Republicana que separou a igreja do Estado, uma ajuda financeira ao Convento, aprovada pela Assembléia Legislativa. A decisão foi muito difícil, o Bispo do ES era seu irmão e conselheiro)
Na preparação do altar para a inauguração (1910) a família do governador tomou para si o encargo. Quando foram arrumar a imagem de Nossa Senhora da Penha, viram que ela era careca. Havia sobre sua cabeça apenas lenço e coroa. Uma cabeleira foi providenciada; cortaram as tranças de uma das sobrinhas do governador. A menina chorou, mas foi consolada pela babá que garantiu: “Não chore minha fia. Você deu o cabelo, ela lhe dará uma boa cabeça”.
A menina era Maria Stella de Novaes: nossa cientista maior, historiadora, escritora, educadora, pintora e iniciadora de Augusto Ruschi nos mistérios das orquídeas, que o levaram aos beija-flores e daí a ecologia.
Encomendada para a primeira Festa da Penha (1570) a imagem de Nossa Senhora, vinda de Portugal, se resumia a uma cabeça, duas mãos e o menino. O corpo foi feito por Pedro Palácios usando um toco encontrado na mata do Convento. As vestes deram o acabamento final; e ela está exposta ao público há 448 anos.
Na entrada da nave da igreja, a “Pietá”, talhada em um único tronco de cedro, é a obra prima do escultor Carlos Crepaz. Convidado por Massena para a cadeira de modelagem artística da nossa Escola de Belas Artes, ficou em Vitória, até a aposentadoria. “D. Domingas”, catadora de papel, que ele imortalizou em bronze, e “Papa Pio XII”, são obras suas que estão nas ruas em Vitória e no acervo do Museu Nacional de Belas Artes/Rio.
Uma visita ao Convento vale: pelo espírito religioso; beleza do lugar; para compreendermos a geografia da Grande Vitória; observarmos paisagens oceânicas e apreciarmos pinturas e esculturas belíssimas e muito antigas.
Kleber Galveas, pintor Tel. 3244 7115 www.galveas.com
FAVOR REPASSAR PARA AMIGOS. Grato, Kleber
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