Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

CAPISTRANO DE ABREU , DE SOGRO DE DEUS À PAI DE SANTO(a)


O maranguapense João Honório Capistrano de Abreu é o primeiro brasileiro pai de santo(a) , pois a primeira santa brasileira de fato é Santa Maria José de Jesus. nascida Honorina de Abreu (Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1882 - 11 de março de 1959), filha de Adélia e do grande historiador, ela era da Ordem das Carmelitas Descalças que continua pobre, paupérrima e a canonização da Serva de Deus Maria José de Jesus, demorou quase três décadas após sua beatificação.
Eis a conclusão de Anna Montenegro sua sobrinha-neta : “O dinheiro manda em tudo. Até na canonização dos santos. Cheguei a esta conclusão quando soube da fortuna que foi gasta pela congregação para fazer de Madre Paulina a “primeira santa brasileira”, ela que era italiana de nascimento, de Trento, e foi criada em Nova Trento (SC), para onde se mudou aos 10 anos.” 
Honorina era moça bonita, que dominava sete idiomas, tinha uma vida boa, circulava pela melhor sociedade, quando em 1902, voltando de uma festa em Petrópolis, decidiu servir apenas a Deus. Em 1911 para tristeza do pai, agnóstico convicto , entrou para o Carmelo de Santa Teresa, onde ficou até a sua morte em 1959, aos 77 anos. Entrou noviça, vestida de noiva, mas pouco depois já se tornava a Priora do convento.
João Honório, já viúvo há muitos anos, não se conformava e dizia que nunca poderia imaginar entregar sua filha para casar com Jesus. Pai e filha não mais se viram porque ele recusava-se a ir visitá-la no claustro. Ela, por sua vez, dedicou praticamente sua vida a traduzir a obra mais representativa do Cristianismo, Imitação de Cristo de Tomás de Kempis e as obras completas de Santa Teresa d'Ávila, do latim para o português .
O quinto e último tomo chegou às livrarias um ano após a sua morte. O pai não a visitava, mas o poeta Manuel Bandeira, sim. Ele tinha uma prima freira, Irmã Maria do Carmo, e ajudava Madre Maria José com as dúvidas na tradução dos livros, enquanto conversavam sobre poesia – outro dos talentos da freira. Honorina de Abreu , erudita como o pai , deixou obra poética e escreveu livros. 
Contrastando com a freqüente queixa com da opção da filha, inclusive em cartas a amigos , a intensa correspondência de Honorina com o pai , revela o grande amor paternal e o inconteste apoio e favores materiais que este sempre enviou , tanto quanto a seus estudos e publicações desejadas como quanto a utilidades para sua notável gestão como Priora do Carmelo por 40 anos, em 9 mandatos consecutivos.
O visitante do Carmelo – uma belíssima construção colonial na Avenida Almirante Alexandrino, em Santa Teresa, depois da viagem no bondinho, ainda encara o plano inclinado do convento, que leva à casa e ao parlatório, onde atrás de grossas grades de ferro e pesada cortina se conversa.
“Durante algum tempo, com uma voz baixa, delicada, santa, ela conversava um pouco conosco e, depois, pedia que vovó e mamãe saíssem. Aí, diante de mim e de minha irmã, abria a cortina – as crianças não têm pecado, portanto não “contaminam” as servas de Deus. Madre Maria José era miúda, bonita, com plácidos olhos castanhos e o falar que sempre atribuí aos anjos. Perguntava de nossos estudos, da vida cristã, e falava sempre do amor de Jesus e de Maria. Na hora da despedida, o adeus era substituído por um Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, ao que respondíamos Para sempre seja louvado, em coro.”
Ela está enterrada no Carmelo, que hoje tem um memorial de Santa Maria José de Jesus para quem quiser visitar: a cela em que vivia pobremente, o silício, os livros, as sandálias, o hábito, o véu. Ela morreu depois de anos de muito sofrimento e do convento só saiu em duas ocasiões: uma para inaugurar o Carmelo de Teresópolis, outra para submeter-se a uma cirurgia. Amou a Deus sobre todas as coisas e viveu para Ele.
“Minha tia era boa de cartas também. Escreveu muitas, e lindas, para toda a família. Insistia com o pai e com o irmão, meu avô Adriano, que era ateu, para que aceitassem Deus em seu coração. Meu avô, na última hora, aceitou a extrema-unção por causa da irmã. Meu bisavô morreu na rede e dispensando o padre: “tenho mais prestígio com Deus do que o senhor, Padre. Afinal, sou sogro Dele”.
Capistrano de Abreu , simbolista e precursor do monismo, deve ser compreendido como agnóstico teísta, aquele que entende não ter conhecimento que comprove a existência de Deus, mas acredita ou admite a possibilidade de Deus existir ; enquanto o agnóstico ateísta também admite não possuir conhecimento que comprove a não existência de Deus, mas não acredita na possibilidade que Deus exista. 
Vale lembrar que Capistrano foi dispensado no Seminário Episcopal de Fortaleza (Prainha) , de onde foi enviado para outros estudos no Recife (artes) ; onde conviveu com intelectuais e com a marcha das idéias e o combate da Ciência contra a Fé . O Positivismo e o Modernismo foram duas correntes agnósticas que medraram então no Brasil, como escrevia J. Pereira Sampaio (Bruno) em "O Brasil Mental" (1865), acariciando a "preguiça cerebral" e o "impressionismo meridional da nova geração culta brasileira".
No artigo "Modernismo Intencional", publicado em "Estudos" (4ª série), Tristão de Athaide, com o seu admirável poder de síntese, classificou em três os movimentos intelectuais do Ceará : "movimento filosófico" (1870), "movimento político" (1880) e "movimento literário" (1890) ; O primeiro depoimento da fase de "1870" foi escrito pelo insigne historiador cearense Capistrano de Abreu em setembro de 1878, como prefácio ao livro "Crítica e Literatura" de R.A. da Rocha Lima. A aceitação de Capistrano no jornal maçônico “Fraternidade” cristaliza sua verdade como agnóstico teísta 
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Autor: Neves Pereira.: – Correspondente, Pesquisador e Acadêmico da Acla Columinjuba ; Almece ; Divine Academie Française de Letras, Arte e Cultura ; ACEJI e Sócio Correpondente da UBE-RJ (nascido em Fortaleza. 13/3/60 ).
" "Referências : Minha tia Santa (crônica de Anna Montenegro) e BUARQUE, Virgínia Albuquerque de Castro ESCRITA SINGULAR Honorina de Abreu- Madre Maria José de Jesus (RJ 1882-1959); publicado pelo Museu do Ceará em parceria com a SECULT - Fortaleza- 2003- 1ª edição. 153p.
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"Fala somente quando as tuas palavras forem mais proveitosas do que o teu silêncio”_ Honorina de Abreu - Stª. Mª. José de Jesus.".



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