25 DE MARÇO
Vicente Alencar
Uma das poucas homenagens ao Dia 25 de março, no Estado do Ceará, resume-se à rua que leva este nome. começa exatamente, na Rua
Rufino de Alencar e segue até o cruzamento com a Avenida Heráclito Graça. Para muita gente, esta data pode significar pouco, ou nada significar, mas deveria ser destacada na disciplina História do Ceará (será que continua sendo adotada nos colégios? Em alguns apenas.),
mas isso pouco acontece.
Pois bem, esta homenagem ocorre, em face do Estado do Ceará ter sido, a 25 de março de 1884, portanto há 133 anos, o primeiro na redenção dos escravos, em nosso país. e, justamente por isso, recebeu de todo o Brasil e do exterior, pois até Victor Hugo, na França, registrou o fato, com os maiores votos de parabéns e saudações.
Mas o espírito abolicionista dos cearenses não tinha aparecido há pouco tempo, não foi apenas questão de uma data, de um dia, de um momento. As jornadas pela Abolição começaram bem antes, quando nossa matrona Barbara de Alencar, a primeira heroína cearense, ao lado de seu filho, o Padre (Senador) José Martiniano de Alencar, juntamente com seus irmãos Carlos José dos Santos (também Padre) e Tristão Gonçalves Pereira de Alencar lançaram a proclamação revolucionária, propondo a imediata instalação da República, diretamente do púlpito da Igreja Matriz do Crato, movimento concluído com a prisão de todos os líderes - libertados somente em 1921 - e que lutavam também pela Abolição dos escravos.
A rebeldia republicano dos cearenses e seus sentimentos abolicionistas, contudo, voltariam a ocorrer a 9 de janeiro de 1824, portanto, há 193 anos, inclusive , com a adesão da Câmara de Quixeramobim, ao movimento grandioso, que ficou registrado na História como Confederação do Equador, tendo a firme liderança de Tristão Gonçalves Pereira de Alencar e José Pereira Filgueiras.
O terceiro ciclo de lutas libertárias teve prosseguimento, após Lei
provincial nº 1.254, sancionada a 28 de dezembro de 1868, que culminou
com a completa libertação dos cativos alencarinos, a 25 de março de 1884, oportunidade em que o Presidente do Estado Sátiro Dias - um nome hoje pouco lembrado - proclamou: "A Província do Ceará não possui mais escravos"!
A data de 25 de março de 1884, portanto, é uma das mais importantes da História do Ceará e não pode ser renegada, nem esquecida. São passados 133 anos do desaparecimento desta chaga social. o calendário da terra de José de Alencar foi o primeiro a registrar, em nossa Pátria, as lutas em favor daqueles que, até então, sofriam o drama da escravidão.
Nunca, porém, é demais lembrar que, antes mesmo do dia 25 de março de 1884, em todo o Ceará, o município de Acarape (hoje Redenção justamente em face do acontecido), a 1º de janeiro de 1883, portanto um pouco antes da data oficial, já havia se constituído no primeiro do país a libertar seus escravos, em solenidade que foi presidida, na ocasião, pelo Conselheiro José Liberato Barroso (hoje também nome de rua), ato ao qual também se fizeram presentes, o General Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa, Justiniano de Serpa, Almino Álvares Afonso, Antonio Bezerra de Meneses, João Cordeiro, Martinho Rodrigues de Sousa e José do Patrocínio, entre outros.
E, mesmo que poucos lembrem, que as nossas autoridades turísticas não se apercebam, nem explorem o fato, os escravos de Fortaleza, a Capital, contaram a seu favor com a instalação solene da Sociedade das Senhoras Libertadoras onde, entre outros nomes, destacaram-se Maria Tomásia, Elvira Pinho, Maria nunes Façanha, Eugênia Cordeiro do Amaral, Jacinta Augusto souto, Francisca Nunes da Cruz, Carolina Carlota Cordeiro e Luduvina Borges.
O nosso reconhecimento, por conseguinte, ao 25 de março de 1884, porque quatro anos depois, quando a Lei Áurea foi assinada por Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança, já encontrou o Ceará liberto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário