O crítico Jacinto do Prado Coelho sobre a obra de Carlos Nejar
Carlos Nejar e a sua musa Elza, na Academia Brasileira de Letras
(Jacinto do Prado Coelho nasceu em Lisboa, em 1920, e faleceu em 1984)
Prefácio de JACINTO DO PRADO COELHO:
“Caso singular na atual poesia de língua portuguesa, Carlos Nejar assume, austero, a missão de quem escruta os arcanos para avisar os homens; a sua palavra, cercada de silêncio e enigma, é enxuta, densa, dura, revelação em carne viva, advertência, alarme. O âmbito da visão é cósmico, intemporal: a morte está no começo, a eternidade a cada momento; a História reduz-se ao permanente essencial. Nejar adota, com efeito, uma atitude antilírica: partindo do concreto, do quotidiano, da sua experiência existencial, torna-se porta-voz da “alma geral”, o eu da sua fala refere-se ao Homem com maiúscula, a sua história é, como declara, “ a condição humana” (...) Assim o vate, concentrado e lúcido, achando fórmulas exatas, fulgurantes, em que irrompem perturbantes visões e vivências, vai tecendo o seu longo, sibilino texto (de textos) feito de palavra e sombra. Sóbrio, reto, sem concessões. O canto é também pedra, e o vate um arquiteto, empreiteiro em devir dum edifício provisório. Cada novo livro de ( em) si próprio, no poço das origens: uma etapa do seu Gênesis (...) Para já, antes dos poemas a escrever, uma coisa se pode garantir: na encruzilhada da tradição e do futuro, Carlos Nejar é um caminho diferente, um caso único no panorama da atual poesia em língua portuguesa .” ( 1977)
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Prefácio de Jacinto do Prado Coelho, um dos maiores críticos lusitanos de todos os tempos. Foi Membro Titular Corresponde da Academia Brasileira de Letras.
Minuta de Diego Mendes Sousa
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