MINISTÉRIO PATROCINA LIXO CULTURAL
Vicente Alencar *
A cada dia que passa nos deparamos, mais e mais, com fatos absurdos, com decisões tortas, posicionamentos sem nexo, por parte de pseudos-dirigentes do país, nos mais diferentes setores da Sociedade.
Em alguns momentos pensamos que o mundo virou. Se o globo tem, somente, duas faces - ou seja a de dentro e a de fora - nos parece que a de dentro, pouco conhecida, está dominando ou tentando dominar a de fora que, há 20 séculos e parte deste vem colocando as cabeças acima dos ombros para dirigir o mundo.
Sabemos que muitas destas existem, apenas, para separar as orelhas, mas, tentamos não acreditar nisso. Mas, no Brasil é quase certo, quase confirmado, que algumas pessoas assim vivem.
E o pior: Querem fazer com que outras acompanhem o seu "carneirismo", num vastíssimo deserto de idéias ou sabedoria, mostrando que estamos vivendo a República dos Apedeutas.
Jamais pensei que seria testemunha ocular da história, de tantas coisas infrutíferas, de tantas idéias erradas, de tantos absurdos. Já há alguns meses tomei conhecimento de uma informação que, pensei, fosse mais uma "fofoca" ou, mesmo,
como se diz atualmente "nós da Internet". Nem uma coisa nem outra. Verdade pura. Daquela que pode estremecer o Frade de Pedra de Itapajé.
Saibam, pois -meu acho que muitos já tomaram conhecimento - que o Ministério da Cultura, este que foi desmembrado do Ministério da Educação, mas, não alcança, realmente, os seus objetivos, acaba de patrocinar uma causa que agride e atinge diretamente a todas as pessoas, minimamente alfabetizadas no Brasil.
Contratou aquele Ministério, uma pessoa que se diz escritora, para escrever e cometer um crime,
que pode ser considerado, até mesmo, de Lesa Pátria. Uma pessoa chamada Patrícia Secco conseguiu convencer as autoridades brasileiras de que o escritor Machado de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras, um auto-didata negro, filho de uma lavadeira de roupas, doente, com mil problemas a resolver, além da gagueira que lhe era peculiar, é um escritor que escreve difícil, afirmando "entendo que os jovens não gostam de Machado de Assis. Os livros dele têm cinco ou seis palavras que não entendem, por frase. As construções são muito longas".
Que tristeza! Que realidade miserável! Onde estamos, meu Deus, que um Ministério da Cultura dá guarida a uma pessoa que raciocina com tanta debilidade e falta de respeito! Uma pessoa que não têm a mínima noção da interpretação de texto e que deve estar a serviço
da ralé deste país, que ignora os livros, os autores, e se diz satisfeita por não precisar de Leitura, para viver.
Diz a apedeuta de plantão que reescreverá a Obra de Machado de Assis, para facilitar a interpretação das pessoas que nunca leram o Mestre. R, observem, o Ministério da Cultura usa a Lei Rouanet para financiar um projeto de incultura, que vai editar 600 mil livros. Ou melhor, seiscentos mil borrões, seiscentos mil papangús, como nós cearenses gostamos de dizer. Ou mesmo, que papagaiada literária, que deve ganhar uma colossal, na Praça do Ferreira, ou mesmo, no programa do arquiteto e humorista Falcão, na TV Ceará, Canal 5, de Fortaleza.
O Jornalista Cid Carvalho utilizou-se de uma Crônica "Doa a quem Doer", para fazer as mais contundentes críticas a esse fato lamentável, dentro da história da Literatura Brasileira, é apenas uma mancha negra, dentro da nossa Literatura. A mosca dentro do leite, para contaminá-lo. É lamentável termos que nos ocupar de assunto tão desnecessário, no campo do saber.
Pedro Henrique Saraiva Leão, médico e renomado escritor, ex-Presidente da Academia Cearense de Letras e da Sociedade Brasilia de Médicos Escritores, sempre que conversa com alguém e percebe que a pessoa sabe falar, conversar ou raciocinar, sai-se com esta: "fez um bom Primário".
Agora, perguntamos: será que essa moça, que deseja aparecer, negativamente, no cenário nacional, estudou alguma coisa? Como se negar a notoriedade de Machado de Assis, um escritor de escol?
Dentro de pouco tempo, se confirmada a agressão ao texto do escritor, e à Literatura Brasileira, por certo, tentarão fazer a mesma coisa com os textos de José de Alencar, Coêlho Neto, Castro Alves, Gonçalves Dias, Rui Barbosa, Humberto de Campos e tantos outros.
Somente de uma cabeça doente poderia sair uma ideia desta ordem. Onde estará uma Ministra, com os seus afazeres de grande importância, para dar ouvidos e concordar com tamanha anomalia?
O Ministério da Cultura, concordando com a mudança de um texto tradicional e, já se sabe que o primeiro a ser maculado será "O Alienista",obra publicada em 1882. Será que as pessoas, àquela época, eram mais inteligentes que as de hoje? Acreditamos que não. Pelo desenvolvimento natural das coisas, as pessoas de hoje deveriam ser mais, ainda. Mas, tudo indica que estamos caminhando inversamente, aos ponteiros do relógio, ou mesmo, igual as caudas de animais. Para baixo.
"Vade retro Satanás"! Ausente-se da minha terra,
não transforme em Lixo o que é Literatura, para deixar cair, mais baixo, na escala social o que entende ou o que não aprendeu na vida. Fazendo vigorar o lixo cultural, nosso Ministério estará envergonhando toda uma Nação. Pelo menos, a daqueles que pensam!
Vicente Alencar *
Jornalista e Radialista
Presidente da UBT - FORTALEZA
Titular da Cadeira nº 27 da ACLJ
Membro titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa.
2 comentários:
É lamentável dizer e constatar de que nesse (des)governo do PT há muitos analfabetos funcionais desde o Chefe do Mensalão. A obra de Machado de Assis, inclisive as poesias, para alguns filólogos e estudiosos da lingua e literatura brasileiras, pode ser considerada a "viga-mestra" da literatura brasileira. Ninguém conseguirá trabalhar textos com o devido uso de conjunções sem ler Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas é um monumento da literatura brasileira. É triste saber que a cultura brasileira está na mão de vândalos, semianalfabetos e irresponsáveis, especialmente quando se sabe que nos precisos termos do artigo 13 da Constituição Federal: "A Língua Portuguêsa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil". Recomendo ao Ministério da Educação que distribua entre seus próceres o soneto "À CAROLINA" de Machado de Assis", embora a ideologia petista não permita entre seus adeptos leitura desse porte, ela determina a leitura utópica de Karl Max e os Manuais de Trabalho dos Irmãos Castro e alguns folhetos de guerrilha urbana e subserviência de um povo.
O comentário anterior é de TONI FERREIRA, advogado e Jornalista, residente em Belém-PA.
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