PEDRO BEZERRA DE ARAÚJO
Virtudes são qualidades, que dignificam a vida. Esparramam-se no convívio social e dão sentido ao viver. Há os que dela usufruem sem saber. E, mesmo seus detentores, sentem mais que prazer: uma harmonia brota no seu proceder.
Quando alguém exalta suas próprias virtudes, elas furiosas se vão, pois é engodo a própria exaltação. Não há virtude egoísta, nem qualidade gabola. Reconhecer o que se tem é conquista do ser para ser e jamais para aparecer.
As atitudes diárias, os procedimentos comuns espelham o que não se deve exalçar. Diante de mente orgulhosa, a autossuficiência aniquila qualidades vivenciais. Êxitos podem surgir, porém, a serenidade das noites são acalantos fugidios e traiçoeiros, num espírito mesquinho, que se esgueira da rede de humanidade. Ou simula trançados de ‘suposta fraternidade’.
Onde há muita ‘exaltação’, excede o vício de ‘autoprostituição’. O caráter torna-se instável, o sentido existencial evapora-se e as emoções e sentimentos seguem o ritmo das ondas. Uma conjuntura mambembe a desestruturar uma estrutura, que se recusou ‘a ser’.
O bom não se exalta de ser bom. O justo não apregoa que é justo. Somente Deus pode fazê-lo.
Quando à frente, vejo, apenas, ‘minhas’ bondades, às minhas costas, é enorme o peso de ‘minha’ ignorância, ‘meus’ erros e desacertos.
Qualidades e virtudes conjugam-se com simplicidade, humildade e autoestima.
“Não somos robôs, humanos é que somos.”Amor não se pede e não se mede e não se deve e não se promete.
A gratidão também não se pede e não se promete.
Gratidão mede o caráter das pessoas, o seu nível de humildade, o respeito ao outro, a mutualidade fraterna e configura o poder do reconhecimento.
A gratidão é uma dívida, que não pode ser cobrada, mas deve ser paga. E não são meras e belas palavras: obrigado, você é legal. Tampouco é um abraço ou um olhar. Trata-se de atitude da alma, de grandeza de caráter e de hábito de ser humano.
Somos todos seres de relacionamento e comungamos nossas necessidades e nossos papéis sociais. Nunca nos bastamos a nós próprios. Somos completos em nosso ser, todavia, incompletos na satisfação de nossas necessidades e na realização e nossos sonhos. Para aprender, precisamos de quem nos ensine. Para nos alimentarmos, precisamos de quem forneça os alimentos. Para nos vestir, precisamos de quem faça as roupas. Para procriarmos, precisamos um do outro.
E para existir e viver, precisamos de Deus a quem adorar.
Tudo isso é obrigação de gratidão. Atos de gratidão, quando exigidos ou cobrados não passam de arremedos hipócritas, oriundo da carne e jamais plantados no espírito.
Dê alguma coisa a alguém, uma ajuda, um apoio, uma motivação e virá à lume a humanidade de uma alma agradecida ou frutificará uma fria indiferença.
Gratidão – GRA de Graça, Dão de Perdão, que é para TI.
A cobrança não deve ser feita. Mas, a obrigação de agradecer será sempre um débito.
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