O NATAL
O Natal é uma das grandes festas do
Ocidente, ligada à tradição do cristianismo histórico, ao lado da páscoa que é
da tradição judaico-cristã e de outras festas confessionais e seculares.
Originária da festa dedicada ao deus Sol, no solstício de inverno (do
hemisfério norte), assimilada pelo cristianismo histórico após Constantino,
para estimular a conversão de povos pagãos, no século III. Ressignificada a
festa passou a evocar o nascimento de Cristo. Mencionar o nascimento na cidade
de Belém, na manjedoura, a chegada dos magos (os evangelhos sinóticos só dizem
que eles eram magos, sem mencionar a condição de reis, não lhes cita os nomes e
diz que todos eram do oriente, sendo os únicos documentos que mencionam estes
adoradores de Jesus, que a história secular não menciona. O livro de Salmos diz
que reis adorarão a Cristo, mas não diz quando, podendo ser por ocasião da
segunda vinda. Falar na anunciação, na fuga para o Egito e outros fatos ligados
ao momento do nascimento do aniversariante são sempre lembradas na data
comemorada.
A secularização da cultura ocidental
transformou o Natal em uma festa laica. Isso provocou em muitos um sentimento
de nostalgia, que em alguns se torna melancolia pela ausência do sentimento de
fé e falta do componente sobrenatural. A boa notícia (evangelho) da chegada do
Salvador e o apelo ao arrependimento, na mensagem “... arrependei-vos, porque é
chegado o Reino dos céus” (Mateus 3; 2).
A boa nova é “Porque pela graça sois salvos por meio da fé; isso não vem de
vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2; 8-9).
O Natal, todavia, começa muito antes. No
livro de Gênesis, 3; 14-15 o Senhor
diz, dirigindo-se a serpente: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a
tua semente [da serpente] e a sua semente [da mulher]: esta te ferirá
a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”, profecias que se cumpriram na cruz.
Ali, por ocasião da queda, quando o homem decidiu ser autônomo, chamando a si o
juízo do bem e do mal, quando adquiriu a consciência de suas imperfeições (viu
que estava nu) e errou o alvo. Ai começa o natal, na forma de promessa
messiânica feita pelo Deus piedoso, não pelo Senhor enfurecido de
interpretações largamente divulgadas. “Então fez o Senhor Deus para Adão e sua
mulher túnicas de pele e os vestiu” (Gênesis 3;21), em atitude piedosa.
Comer do fruto do
conhecimento do bem e do mal foi o pecado original. Pecado (do grego hamartia,
verbo que significa “errar o alvo”, Novo
Dicionário da Bíblia, de John Davis) gerou consequências desastrosas. A
promessa messiânica tem o significado de uma remissão do pecado, para que o
homem deixe de errar o alvo e escape das consequências da tentativa de fazer
aquilo para o que não tem aptidão: juízo moral. O Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo (João 1; 29) faz com
que deixemos de errar o alvo. Como o Messias, no hebraico ou Cristo, no grego,
faria isso? João 3; 16-17 responde: “porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas
tenha vida eterna. Porque Deus enviou seu filho ao mundo, não para que
condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele”. O grande
presente de Natal foi dado na origem dos tempos. A natividade foi o anuncio da
boa nova ou boa notícia (origem grega da palavra evangelho) que era o
cumprimento da promessa messiânica, com o nascimento do Cristo (o ungido) da
profecia feita pelo próprio Deus no Gênesis.
Rui Martinho Rodrigues
Fortaleza, 24/1222.
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