A BANALIDADE DO MAL
Toda violência é contra o mais fraco.
Bêbado, preso, criança, mulher, idoso, deficiente físico são casos particulares
de fragilidade.
A violência pode ser regulamentada ou
legitimada pela cultura ou pelo Estado e não regulamentada. Castigos corporais dos
pais nos filhos são da tradição cultural. A violência do Estado, na guerra
e no Direito Penal, também é regulamentada.
A violência não reconhecida pelo
Estado e pelas tradições culturais em geral é crime. Cabe a distinção entre
violência física e psicológica, mas ambas se enquadram na classificação “regulamentada
ou não regulamentada”. A primeira tem sujeito ativo e passivo, motivo, lugar e
ocasião definidos. A palmatória da professora era um exemplo disso. Sujeito
passivo: aluno; sujeito ativo: professora ou um colega sob as ordens da mestra;
motivo: não saber a lição; lugar e ocasião: sala de aula, o que a faz
previsível. A violência regulamentada pode ser executada com excesso ou arbitrariamente,
deixando de ser legítima. Quando a violência regulamentada recua a informal
avança, como aconteceu na escola. A violência não regulamentada é imprevisível.
A vulnerabilidade, a suscetibilidade,
o choque entre valores, interesses ou vaidades, a insegurança real ou
psicológica e a impunidade contribuem para a violência. No caso em exame, os
dois agressores, como soe acontecer, eram a parte mais forte. Os travestis e o
comerciante que acabou vitimado eram a parte mais fraca. A falta de um serviço
de segurança é má administração do metrô.
A falta de intervenção de terceiros? Não
é prudente intervir em conflito. É possível topar com uma gang ou organização
criminosa. Ninguém se mete em confusão.
A onda "politicamente correta" ensina
tolerância zero com a moral tradicional. Ofendido por ver os seus valores
desqualificados, alguns reagem estupidamente. O orgulho gay e o de macho que se
presume poderoso tornaram-se matéria inflamável de fácil combustão. Ativistas
políticos e intelectuais alimentam a exaltação de ânimos. As redes sociais
completam a receita trágica.
A mudança cultural rápida e profunda causa
conflito. A insegurança de quem sente os seus valores e o seu mundo ser
rejeitado está presente dos dois lados. Os crimes esclarecidos e punidos são
uma parcela ínfima da criminalidade, reforçando a impunidade e a violência,
principalmente quando dirigida contra pessoas socialmente “desimportantes”.
Não há pregação de ódio nos púlpitos,
ao contrário do que se diz, mas incompreensão ou má vontade dos que confundem exortação
com abominação. Estão exigindo respeito. A democracia, porém, só prescreve coexistência
pacífica. Juízo moral é parte da liberdade de consciência e de expressão.
Agredir sem motivo tornou-se banal. A
vida perdeu o valor, cedeu espaço ao aborto, eutanásia, suicídio assistido. A pregação
contra os valores da tradição hebraica e cristã não se acha responsável por
isso. Assassinatos de idosos, bêbados, mendigos, pais, filhos, cidadãos
vitimados por bandidos acontecem todos os dias. A presença de homossexuais como
vítimas foi o que deu destaque ao recente crime do metrô de São Paulo.
Fortaleza, 30/12/16,
Rui
Nenhum comentário:
Postar um comentário