EUFORIA
Ana Paula Medeiros
- do Clube dos Poetas de Fortaleza -
Aquele olhar de tigre
espreitando a presa
Deixo-a completamente
fora de si.
Estavam embriagados
de tinto e de incenso.
Mas ela estava sóbria
o bastante para curtir
o olhar felino do macho
entre fumaças e odores de cerejas.
Um desejo entrava em ebulição
Havia relevos sob as roupas
Havia precipitações
Cheiro de terra molhada
Orvalhos, em verdade, havia.
E ela se deixou capturar
Parecia frágil, débil e febril
(Só parecia).
Foi fêmea como nunca havia sido antes
Deu as costas ao amado
Pediu que enlaçasse suas mechas
E deixou pender seus seios
Ao toque suave das sedas
Chamou a dor
Entre suspiros e gemidos
Inclinava-se e erguia-se
em perfeita sincronia
Absolutamente entregue
àquele primata prazer.
Gotas de suor escorriam
em suas ancas.
Dava-se a aragem
em campos insólitos
dantes nunca penetrados.
Uma mistura de riso e dor
refletia-se no espelho carmim.
Não queria o crepúsculo agora
queria dominar o tempo.
Deitou suas colinas em almofadas azuis
e deixou o sol romper o horizonte
em múltiplos fractais
de gozo liquefeito.
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