ACADEMIA CEARENSE DE CULTURA E ARTE
Fundada em 05 de Fevereiro de 2005
Fortaleza - Ceará - Brasil
08 de Outubro de 2016
Divulgando nossos valores
MANDAMENTOS
Hermínia Lima
(Docente da Unifor)
Não há permissão para o amor.
Só a pressa do amante interessa.
Estão proibidos o gesto nobre,
as flores, as falas.
Só a pele é esperada para o toque.
Serão rejeitadas calma
e a paciência do prelúdio.
Só os músculos hirtos
serão bem vindos
para a posse.
Ficarão excluídos o sentimento,
o envolvimento e a promessa
porque aprisionam.
Que venha o desejo coibido
e se faça liberto o libertado
para o momento de paz.
PRIMEIRA CARTA DOS SOLIDÁRIOS
Adriano Espínola
(Da Academia Carioca de Letras).
Denunciamos o homem,
que desconhece a casa
do homem nesta Cidade.
Denunciamos a violência,
que fere o nome
do homem e sua memória:
a fome alongando os seus dedos
sujos de agonia e pólvora;
o medo medrando morte
no desabrigo desta hora.
MANHÃ FUGAZ
Neide Azevedo Lopes
(Da Academia Cearense
da Língua Portuguesa)
A manhã, era feita de carinhos
Os braços, eram cheios de abraços
As bocas, eram quentes feito ninhos
Nós dois, a copiar os nossos traços...
A vida, era plena de surpresas
O lugar, era belo,como um sonho
E eu, amor, a tí estava presa
E tu, amor, tão junto e tão risonho...
O tempo, tão amigo... esperava
Em calmaria, em paciência infinda
Por nossa dança, que se compassava
Em serpenteios, em cadência linda...
E nós, um pouco mais, nos misturamos
Na ânsia, de um querer que nos domina
Que importa o mundo amor, se nos bastamos
Que nos importa a nós, a nossa sina?
Finalmente, o tempo impacienta
avisa: "O ir embora principia"...
Porém, nosso desejo ainda alimenta
a fugacidade que o instante propicia...
E nos unimos, mais um pouquinho
Sem mais pedidos, e um pouco ainda...
E nos compomos tão devagarinho
nos misturamos em saudade infinda...
SONATA AO LUAR
Giselda Medeiros
(Da Academia Cearense de Letras).
Meus olhos são como os crepúsculos
que acompanham o vazio das tardes
e choram a solidão das urzes
indiferentes a escuridão das noites.
Meus olhos guardam a súplica de Orfeu,
o desespero de Tântalo
a dor de Prometeu.
Meus olhos são como os crepúsculos...
Retêm o silêncio das torres da matriz
e a voz queixosa dos sinos... São o alaúde
Que restou, sem cordas, sob as ancas do tempo.
Mas, quando vieres,
Assim como um milagre,
aprenderão a solfejar, com o vento,
As mais lindas sonatas de luar.
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