A vítima ✰
Artigo de Tito Guarnieri
Deem um microfone a Lula e ele comandará o show, mestre do histrionismo, capaz de (se deixarem) encantar serpentes e levar ao delírio as plateias de sua grei, que mesmo um tanto aflitas com as perdas recentes, ainda têm amor para dar. Como disse uma vez a filósofa símbolo do PT, Marilena Chauí, “quando Lula fala o mundo se cala”. Bem entendido, se cala somente no intervalo entre os aplausos, que Lula sabe puxar como ninguém.
Na véspera de ser declarado réu na Lava Jato, na Vara do juiz Sérgio Moro – tudo o que ele não queria – Lula falou para os seus no elogio que nunca cansa, da obra inexcedível dos governos do PT, ao mesmo tempo em que lançou desafios de reação e resistência, contra a perseguição de que é vítima.
Lula é bom no papel de vítima. Os algozes são os suspeitos de sempre, as elites (embora ele não decline quem sejam, pois as fatias mais poderosas do PIB nacional foram aliadas e beneficiárias dos governos do PT e mamaram docemente nas tetas do Estado – banqueiros, empreiteiras, multinacionais), a mídia golpista, os procuradores da Lava Jato, o juiz Moro, as oposições golpistas, sedentas de revanche depois das sucessivas derrotas.
Não duvidem, em algum momento ele perguntará: como ousam duvidar de minha inocência, eu que tanto bem fiz a este País?. Nas entrelinhas do discurso, lido com atenção, sempre estará explícito o subtexto pretensioso de que “eles nos odeiam porque somos melhores”.
No destampatório choroso, nenhuma palavra sobre as denúncias de que é alvo, como se não existissem, e nenhuma palavra de autocrítica, como se ele e o PT jamais tivessem cometido um erro, nem mesmo na indicação imperial da sucessora Rousseff, que se revelou um pesadelo, desses que fazem acordar à noite e varar a madrugada lamentando a escolha. O equívoco fatal, porém, em breve estará esquecido, graças ao providencial atributo da memória, que tende a esquecer as más lembranças e as coisas ruins.
O papel de vítima lhe cai e lhe faz bem, uma vez que a vida de Lula é um rolo só. Como diz Christopher Lasch, em “O Eu Mínimo”, a “possibilidade de se declarar (vítima) é uma casamata, uma fortificação, uma posição estratégica a ser ocupada”.
Lula poderia ter lido o primoroso tratado de Daniele Giglioli sobre o vitimismo, que ensina: “A vítima é o herói do nosso tempo. Ser vítima dá prestígio, exige atenção, promove e promete reconhecimento, ativa um potente gerador de identidade, autoestima, imuniza contra qualquer crítica, garante inocência para além de qualquer dúvida razoável”.
Claro, Lula não leu o ensaio do historiador italiano, porque, esperto e intuitivo, já sabia dessas coisas muito antes. Não é de graça que todo pronunciamento do ex-presidente é vazado dos termos do conflito “nós”, os oprimidos, as vítimas, e “eles”, os opressores, os algozes. Pode ser primário e vulgar, mas funciona esplendidamente, diante das massas que adoram definições simplórias, tendo especial predileção pelas mais erradas e enganosas.
Claro, Lula, na sua intuição um tanto primitiva, não chega a notar, como Giglioli, que na vitimização, “o protesto político se degenera em uma choradeira de autocomplacência”.
Tito Guarnieri - bacharel em direito e jornalismo e colunista do jornal O Sul, de Porto Alegre.
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Paulo Chagas: Os efeitos do clister mental em mais uma vítima de Lula da Silva
Caros amigos
Tive acesso ao desatino de um cidadão, morador de Brasília e professor da UNB, aparentemente desolado e até descontrolado em consequência do resultado das eleições municipais, da ruina do seu partido e do fracasso do projeto de poder socialista bolivariano do PT.
Tive a curiosidade de pesquisar o “face” do cidadão, professor Marcos Bagno, e, com um misto de pesar e pasmo, constatei ser ele, além de petista apaixonado (ou fanatizado?), um iludido, um seduzido, mais uma vítima do “charme” de Lula da Silva, apesar do acesso à cultura que a profissão lhe confere. A capa do seu “face” é uma esfinge do “líder” com a hashtag “#standwithlula” e sua tradução – “#estamoscomlula”!
Ele não é o único, infelizmente. A paixão, o fanatismo e a sedução levam por diante a razão, a lógica e as faculdades humanas de pensar, de raciocinar e de enxergar a verdade dos fatos. Os autores literários retratam muito bem esses efeitos em romances, novelas e filmes em que homens e mulheres, traídos pelas pessoas que amam, mesmo diante das evidências mais contundentes, se negam a acreditar. É o que, em lamentáveis comentários e assertivas, nos demonstra o professor Bagno.
Em uma postagem do dia 01 de outubro – véspera das eleições municipais -, ele, mansa e corretamente, conclama seus companheiros a juntar forças contra o ódio e a evitar brigas por pequenas diferenças e os estimula a olhar para o que têm em comum e a “defender os interesses das pessoas de bem”. Nada mais justo, nobre e louvável.
No entanto, coerente com os desatinos esperados de uma pessoa transtornada pelo fanatismo e pela paixão cega e doentia, o nosso professor Marcos, vitimado pela amargura do encontro com o desastre causado às suas ilusões pela descoberta das traições do seu partido e do seu líder, já no dia seguinte, diante do resultado das urnas, muda radicalmente o discurso que, horas antes, era justo, nobre e louvável!
Encontramos em suas novas mensagens expressões como: “... o Brasil só vai se resolver no tiro e na ponta da faca ...”, “... como salvar gente de monstros como acm neto [Antônio Carlos Magalhães Neto], dória [João Dória] et caterva? Só degolando, decapitando, defenestrando”.
Mais adiante e no mesmo dia, em evidente desespero, manifesta seu desejo - ardente e sincero, do fundo da alma - de que as pessoas que elegeram João Dória - segundo ele, um “boneco de ventríloquo fascista recheado de merda” - sejam muito infelizes para o resto de suas vidas, que percam tudo que têm e que passem fome.
Termina esta última mensagem almejando a todos a perda dos direitos e dos empregos e finaliza profetizando uma praga: “... e se fodam nesta e em todas as encarnações futuras...”.
Sinto, honestamente, pena do professor Marcos Bagno, porquanto estou convencido de que se trata de mais um supliciado e, pela posição que hoje ocupa, também um algoz, da lavagem cerebral que se processa nas universidades brasileiras, em particular na UNB.
A incoerência do seu discurso revela os efeitos do clister mental de que é vítima, afinal, ele junta forças contra o ódio, visando a unir pessoas de bem, e, logo em seguida, as instiga a matar, esfaquear, degolar e a decapitar seus patrícios.
Desconexo também é seu desejo de que os brasileiros passem fome pelo resto de suas vidas, quando até ontem ele e seus correligionários vangloriavam-se de ter como meta a “Fome Zero”!
Com a mesma incoerência, ele pragueja para que percam seus empregos, como se não tivesse sido na gestão dolosa, burra e demagógica do PT que a taxa de desemprego tenha alcançado o absurdo índice que hoje desespera os lares das pessoas de bem!
O professor Marcos Bagno só não é incoerente no uso das palavras de baixo calão, algo comum nos discursos do seu líder e na pobreza do vocabulário dos seus partidários.
Como já disse, julgo-o uma vítima e uma consequência do aparelhamento das universidades e rogo, ardente e sinceramente, para que, ainda nesta encarnação, ele se encontre com a verdade e que consiga livrar-se do mal.
Amém!
Gen Bda Paulo Chagas
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