Deixo essa mensagem de alguém que amou a ciência como ninguém para outro alguém que muito me deu muito como professor, tutor e amigo.
Começamos a trabalhar no observatório da UECE e depois trabalhei anos no Observatório Hershel-Eistein junto a Claudio Pamplona, incontáveis noites. Observávamos a Lua, planetas, cometas, Sol e diversos corpos celestes, foram anos bons. Astronomia, Meteorologia, Historia e Filosofia em sua casa o que respirávamos era ciência a cada instante. E o tempo era de fato relativo como postulou Eistein. Aprendi a profundidade do conhecimento, da pesquisa embasada no real e ainda mais da firmeza pelo correto, e as consequências disso.
Primeiro como aluno depois como parceiro de pesquisa fiquei até as vicissitudes da vida do brasileiro dissessem que eu buscasse um rumo financeiramente estável. Quantos jovens cientistas morrem para renascer vendedores, burocratas, etc.
Bom agradeço de coração as partidas de xadrez, as aulas de vida, as discussões apaixonadas, as horas montando telescópios, fotografando, filmando. Agora mestre todo cosmo esta ao seu alcance o que digo é BOA VIAGEM.
Raimundo Pereira Paiva Júnior
PÁLIDO PONTO AZUL
Pálido Ponto Azul (em inglês Pale Blue Dot) é uma
famosa fotografia da Terra feita pela sonda Voyager 1.
A FOTO
No dia 14 de fevereiro de 1990, tendo completado
sua missão primordial, foi enviado um comando a Voyager 1 para se virar e tirar
fotografias dos planetas que havia visitado. A NASA havia feito uma compilação
de cerca de 60 imagens criando neste evento único um mosaico do Sistema Solar.
Uma imagem que retornou da Voyager era a Terra, a 6,4 bilhões de quilômetros de
distância, mostrando-a como um "pálido ponto azul" na granulada
imagem.
Sagan disse que a famosa fotografia tirada da
missão Apollo 8, mostrando a Terra acima da Lua, forçou os humanos a olharem a
Terra como somente uma parte do universo. No espírito desta realização, Sagan
disse que pediu para que a Voyager tirasse uma fotografia da Terra do ponto
favorável que se encontrava nos confins do Sistema Solar.
Essa foto acabou inspirando Carl Sagan a escrever o
livro Pálido Ponto Azul em 1994.
Terra vista pela sonda Voyager após ultrapassar a orbita de Saturno. |
REFLEXÕES DE CARL SAGAN
Numa conferência em 11 de Maio de 1996, Sagan falou
dos seus pensamentos sobre a histórica fotografia:
A
espaçonave estava bem longe de casa. Eu pensei que seria uma boa idéia, logo
depois de Saturno, fazer ela dar uma ultima olhada em direção de casa.
De saturno, a Terra apareceria muito pequena para a
Voyager apanhar qualquer detalhe, nosso planeta seria apenas um ponto de luz,
um "pixel" solitário, dificilmente distinguível de muitos outros
pontos de luz que a Voyager avistaria: Planetas vizinhos, sóis distantes. Mas
justamente por causa dessa imprecisão de nosso mundo assim revelado valeria a
pena ter tal fotografia.
Já havia sido bem entendido por cientistas e
filósofos da antiguidade clássica, que a Terra era um mero ponto de luz em um
vasto cosmos circundante, mas ninguém jamais a tinha visto assim. Aqui estava
nossa primeira chance, e talvez a nossa última nas próximas décadas.
Então, aqui está - um mosaico quadriculado
estendido em cima dos planetas, e um fundo pontilhado de estrelas distantes.
Por causa do reflexo da luz do sol na espaçonave, a Terra parece estar apoiada
em um raio de sol. Como se houvesse alguma importância especial para esse
pequeno mundo, mas é apenas um acidente de geometria e ótica. Não há nenhum
sinal de humanos nessa foto. Nem nossas modificações da superfície da Terra,
nem nossas maquinas, nem nós mesmos. Desse ponto de vista, nossa obsessão com
nacionalismo não aparece em evidencia. Nós somos muito pequenos. Na escala dos
mundos, humanos são irrelevantes, uma fina película de vida num obscuro e
solitário torrão de rocha e metal.
Considere novamente esse ponto. É aqui. É nosso
lar. Somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos de quem
você já ouviu falar, todo ser humano que já existiu, viveram suas vidas. A
totalidade de nossas alegrias e sofrimentos, milhares de religiões, ideologias
e doutrinas econômicas, cada caçador e saqueador, cada herói e covarde, cada
criador e destruidor da civilização, cada rei e plebeu, cada casal apaixonado,
cada mãe e pai, cada crianças esperançosas, inventores e exploradores, cada
educador, cada político corrupto, cada "superstar", cada "lidere
supremo", cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali, em
um grão de poeira suspenso em um raio de sol.
A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa
arena cósmica. Pense nas infindáveis crueldades infringidas pelos habitantes de
um canto desse pixel, nos quase imperceptíveis habitantes de um outro canto, o
quão frequentemente seus mal-entendidos, o quanto sua ânsia por se matarem, e o
quão fervorosamente eles se odeiam. Pense nos rios de sangue derramados por
todos aqueles generais e imperadores, para que, em sua gloria e triunfo, eles
pudessem se tornar os mestres momentâneos de uma fração de um ponto. Nossas
atitudes, nossa imaginaria auto-importancia, a ilusão de que temos uma posição
privilegiada no Universo, é desafiada por esse pálido ponto de luz.
Nosso planeta é um espécime solitário na grande e
envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não
ha nenhum indicio que ajuda possa vir de outro lugar para nos salvar de nos
mesmos. A Terra é o único mundo conhecido até agora que sustenta vida. Não ha
lugar nenhum, pelo menos no futuro próximo, no qual nossa espécie possa migrar.
Visitar, talvez, se estabelecer, ainda não. Goste ou não, por enquanto, a terra
é onde estamos estabelecidos.
Foi dito que a astronomia é uma experiência que
traz humildade e constrói o caráter. Talvez, não haja melhor demonstração das
tolices e vaidades humanas que essa imagem distante do nosso pequeno mundo. Ela
enfatiza nossa responsabilidade de tratarmos melhor uns aos outros, e de
preservar e estimar o único lar que nós conhecemos... o pálido ponto azul.
— Carl Sagan
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