Antonio de
Albuquerque Sousa Filho *
Recentemente a presidenta Dilma esteve no
Ceará anunciando pacotes de ações governamentais relativas à seca do Nordeste,
entre elas um de fornecimento de máquinas que será mais benéfico também a
outras regiões do país.
A escassez de água em
consequência da baixa recarga dos açudes da região, a insuficiência de chuvas,
a evaporação intensa dada as altas temperaturas, o uso inadequado e/ou abusivo de
água por parte da população são os fatores determinantes de que nossa
prioridade maior hoje no nordeste seja a de resolver o problema do abastecimento,
ao tempo que indicam a prioridade do estabelecimento
de outras ações governamentais. Além das já anunciadas, vale mencionar a necessidade
de acelerar a transposição das águas do rio São Francisco, com uso de recursos
semelhantes aos mesmos mecanismos legais e administrativos utilizado para as
obras da copa do mundo de futebol. E ainda: a construção de novos açudes como o
“Lontras” na região da Ibiapaba-CE, a compra de equipamentos para a dessalinização
das águas oriundas dos poços perfurados de águas salobras, o apoio aos estados
nos projetos de transferência de águas (adutoras), a ampliação do ”cinturação
das águas”, o estímulo de retorno das ações e pesquisas das chuvas artificias
através do bombardeio das nuvens (o Ceará foi pioneiro nesse campo, tendo sido
sua estrutura desmontada) e o estímulo a novas alternativas de abastecimento,
como a do mar( alguns países árabes já usam).
Precisamos modificar os sistemas
de irrigação para técnicas como a do gotejamento, eliminando o uso da inundação,
ampliando e modernizando os chamados perímetros irrigados; tentar substituir
culturas agrícolas (como a do arroz) por outras que utilizem menor quantidade
de água; apoiar pesquisas de alternativas de exploração agropecuária por parte
das Universidades e Embrapa; recriar empresas estaduais de pesquisa dotadas de
estruturas mais adequadas e criar um projeto de reflorestamento para a região.
Nas nossas escolas (municipais,
estaduais e federal) poderíamos ministrar informações de como conviver com as
secas, de forma semelhante a outras regiões que convivem com meios rigorosos. A
seca é também um momento propício para aumentar os investimentos governamentais
no Nordeste tais como duplicar estradas, construir novos programas de estradas
vicinais, melhorar e ampliar escolas e hospitais, sistemas de saneamento, intensificar
a construção de casas, gerar mais empregos e melhorar rendas.
Finalmente é de esperar do
governo federal que não realize contenção dos recursos financeiros destinados
ao Nordeste e que nossos lideres políticos estejam à altura para cobrar as
promessas feitas e atuarem de forma proativa no jogo politico, em benefício da
causa pública.
*Engenheiro-Agrônomo e Professor da UFC.
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