O EXCELSIOR
Vicente Alencar
Por quanto tempo
ainda resistirá o Excelsior?
Um ano, dois,
três,
a vida toda?
Triste, cinzento,
abandonado,
ele vive na ilusão do poeta,
que espera por sua volta.
Este esquecimento
não tem razão de ser?
E,
na verdade
o que tem razão de ser?
Um prédio uno,
único,
diferente de todos
na sua feitura,
na sua engenharia.
Foi moderno demais
para o seu tempo.
Hoje deveria ser
atração do nosso tempo.
Deste mesmo tempo
que mudou nos conceitos.
Na Engenharia,
na arquitetura.
Único no país,
com tijolos,
areia,
cal,
trilhos de trem.
Diferente dos outros por inteiro.
Todos esperamos por seu retorno,
vitorioso, ao dia a dia
desta Fortaleza
de memória fraca.
(Concebido em 2002).
COMUNHÃO DA SERRA
Quintino Cunha +
Ontem, à noite, eu vía minha Serra
como uma virgem, trêmula, contrita,
recebendo de Deus, daqui da terra,
Uma hóstia do Céu, hóstia bendita.
Como foi, para vê-la assim? de neves
Era o véu transparente, que a cobria,
Vendo-se aqui e ali negros tons leves,
Do negro que do verde aparecia.
Tons negros, talvez restos, que os comparo,
De alguma nuvem torva, esfacelada
Po Deus, que só queria o Céu bem claro, Porque ia dar a hóstia consagrada!
O casfeeiral, que rebentava em flôres,
A grinalda na fronte lhe botava:
E o frio, rebento dos temores,
No seu íntimo, o frio rebentava!
Assim a Natureza era o sacrário,
De onde deus dava a comunhão radiosa
À Serra! E era o Céu o grande hostiário
E era a Lua, a hóstia luminosa.
E digam que eu não vi a minha Serra,
Como uma virgem, de grinalda e véu,
Recebendo de deus daqui da terra,
A hóstia luminosa lá do Céu!
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