Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

quinta-feira, 13 de junho de 2013

DISCURSO DO FESTIVAL RIOMAR DE LITERATURA PERNAMBUCANA

DISCURSO  DO  FESTIVAL   RIOMAR   DE  LITERATURA PERNAMBUCANA
Waldenio Porto
Presidente da Rede de Integração das Academias de Letras do Nordeste

Temos a tenacidade e a certeza do sertanejo enfrentando a seca, esperando por dias melhores. Prepara a terra do roçado, mal chega a promessa de chuva nos ares e as aves de arribação mostram que o tempo vai mudar. Fé em São José, o santo sertanejo,  que vai acudir o povo, e tornar a fome e  a sede   virar  fartura e encher de água nova os barreiros da terra sedenta.  Promessa de voltarem a correr os riachos  e tornar o mato  esturricado e cinzento  se  colorir de verde, espalhando a esperança  no sertão. As letras de  Pernambuco e do Nordeste esperam há muito tempo por um bom inverno, que encha o paiol de milho e feijão. Como São  José, que promete chuva, chegou nesta beira de rio, João Carlos Paes Mendonça. Contamos com a intercessão da jornalista  Carmem Peixoto, a medianeira, que se entusiasmou  com a  idéia  de promover  a literatura regional. E João Carlos Paes Mendonça, que tem  o sentimento  telúrico, sente orgulho de ser nordestino, alavancou a iniciativa e promoveu o I Festival RioMar de Literatura Pernambucana. É como diz o pianista e maestro João Carlos Martins, “você vai atrás do sonho, a vida inteira. A partir de um certo momento, o sonho vem atrás de você mesmo, podes crer! ”.
Isto está acontecendo conosco agora! 
E Pedro Herz se motivou, acolhendo  um evento cultural nordestino, na sua Livraria Cultura, que exprime  a essência mais íntima de sua família. Neste moderno teatro Eva Herz durante três dias se ouvirão escritores pernambucanos, que expressam a emoção do povo desta parte  do  Brasil. O escritor e a literatura do Nordeste lutam há muito tempo. Em 2005  as Academias de Letras do Nordeste, reunidas no Recife em Congresso, na Academia Pernambucana de Letras, conscientes  de sua responsabilidade cultural e dos entraves que a literatura da região sempre enfrentou, acordam em fundar  a   REDE DE INTEGRAÇÃO DAS ACADEMIAS  DE LETRAS DO NORDESTE, que seria um fórum permanente de discussão e decisão conjuntas. Elaboramos  então este documento:
“Esta Rede vai  tornar as Academias de Letras do Nordeste e as outras academias literárias, mutuamente conhecidas e estreitar o seu relacionamento. Formaremos um grande e coeso bloco cultural,   uma Rede Permanente  de Academias para debate e resolução dos nossos problemas comuns. Estudaremos a fundo a força mercadológica conjunta das nossas Academias e instituições afins, para chegarmos à constituição de uma Rede de Distribuição do Livro do Escritor  Nordestino.
Temos um grande mercado que está aí a nossa disposição. Ele nos basta.  Falta-nos conquistá-lo, através  de uma ação coordenada, múltipla e abrangente das nossas Academias. Envolveremos, em cada cidade, as próprias Academias locais, as livrarias ou papelarias, as bancas de revista, os colégios, os diretores de colégios, os professores de português e de literatura, os formadores de opinião como os padres, pastores evangélicos, clubes de serviço como o Rotary e o Lyons, os jornais, os jornalistas, as rádios, os radialistas, os prefeitos, juizes e promotores, as  Bibliotecas Públicas e as das escolas municipais. Lutaremos pela adoção do livro escrito por nossos autores como  para-didáticos nas escolas.  Estimularemos a instituição em cada cidade de um Concurso Literário Anual da Prefeitura. Todas estas instituições e pessoas referidas criarão a massa crítica necessária para viabilizar as soluções dos nossos problemas. Desde o incentivo à leitura através de concursos de declamação.  Precisamos nos esforçar pela aprovação, em cada Estado e cidade, de  leis que obriguem todas as livrarias a venderem os livros dos escritores locais.  Deste modo o escritor do Nordeste se equipara, em oportunidades, aos de outras regiões, os quais permanecem  bem-vindos aos nossos estados.
Será salutar que as Academias de Letras das capitais visitem as das cidades do interior, para  intercambiar a  cultura e manter a identidade da Pátria  Nordestina”. Isto temos feito.
Por estar consciente de que “ninguém faz nada sozinho” a Rede de Integração das Academias de Letras do Nordeste associou-se com a UBE, União Brasileira de Escritores, a SOBRAMES, Sociedade Brasileira de Médicos Escritores e o Movimento em Defesa do Livro e dos Escritores Pernambucanos.  Juntos têm  trabalhado  estes anos  todos e  conseguiram criar  uma  consciência  da necessidade  de adotar  condutas em   defesa da nossa identidade cultural.      
Já realizou congressos em 2005, 2007, 2011 e agora este esplêndido  evento no RioMar,  associando  João Carlos Paes Mendonça  e Pedro Herz ao movimento de valorizar e divulgar a literatura pernambucana.  
Ressalte-se a  participação  da REDE  DE INTEGRAÇÃO,  pregando o nosso credo,  nos FLIG, Festival de Literatura de Garanhuns, no FLIC, Festival de Literatura de Caruaru, nos diversos FLIPORTO,  Festivais de Literatura de Porto de Galinhas, no Festival de Literatura do Tocantins, nos diversos Congressos da UMEAL, União Internacional de Médicos  Escritores e Artistas  Lusófonos, no Congresso da SOBRAMES, em Curitiba.  
As inúmeras  visitas  culturais que fazemos  às cidades,  entre outras Olinda, Paulista, Maceió, João Pessoa, Gravatá, Escada, Camaragibe, Cabo  e mesmo  em Palmas, no Tocantins, dão uma medida  da dimensão do nosso trabalho.  A  promulgação de leis em defesa do livro Pernambucano, nas cidades do Recife  e de  Serra Talhada, e, ultimamente, a Assembleia Legislativa de Pernambuco com o  decreto obrigando, em todo o Estado de Pernambuco, a exposição e venda pelas livrarias do livro de nossos autores.  A exposição  numa estante-propaganda  do livro pernambucano  no aeroporto dos Guararapes e na  estação do Metrô.  
Nos posicionamos,  como entidade responsável  pelos bens culturais, na ocasião em que se pretendia fazer uma reforma ortográfica. A língua é, depois do território, o maior patrimônio de um povo. Como é dever inalienável defender a integridade  territorial, não é menor  obrigação preservar o idioma do país. Que não pode ser atingido e modificado por decreto, como se fez. A Rede de Integração das Academias de Letras do Nordeste  formada pelas  Academias de Letras do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas, além da de Pernambuco, se posicionou contra  esta reforma ortográfica que subverte a prosódia  e dificulta o aprendizado da língua. Cópias  do documento aprovado  foram enviadas à Academia Brasileira de Letras e à Academia de Ciências e Letras de Lisboa. E teve intensa repercussão internacional  na imprensa portuguesa.
Por outro lado a nossa pregação tem  provocado um interesse  invulgar pela cultura  no estado todo. Nos últimos anos os escritores foram se agrupando em  academias de letras, que já contam vinte em  Pernambuco.
Como o pernambucano  torce  pelos times locais, o Santa Cruz, o  Sport e o Náutico, e não dos de São Paulo e Rio de Janeiro, como fazem os outros Estados, o público deve torcer pela literatura  pernambucana, os craques da escrita  da terra.  E o RioMar, João Carlos Paes Mendonça e toda a numerosa equipe  do Shopping, a frente  Carmem Peixoto, Eduarda Martins, Danielly  Halinski se convenceram disso e levam  as torcidas organizadas do público leitor a vibrar com os ídolos  pernambucanos e nordestinos. A Rede de Integração das Academias de Letras do Nordeste consegue  agora agregar João Carlos Paes  Mendonça e Pedro Herz,  que têm a verdadeira  importância da cultura literária  na formação  do povo,  consolidando  o esforço das diversas instituições de escritores de Pernambuco. 
Temos a tenacidade e a certeza do sertanejo enfrentando a seca, esperando por dias melhores. Prepara a terra do roçado, mal chega a promessa de chuva nos ares e as aves de arribação mostram que o tempo vai mudar.                

Nenhum comentário: