Fortaleza, 15 de agosto de 2020
Caro amigo
Desde o início desta pandemia que eu e mais quatro conceituados técnicos nordestinos, através de videoconferências, elaboramos um belíssimo trabalho técnico/científico em defesa do DNOCS que o intitulamos de REVITALIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DO DNOCS. Solicitamos, então, ao Dr. Reginaldo Vasconcelos, eminente Presidente da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo-ACLJ fazer a APRESENTAÇÃO deste documento, que o transcrevemos logo abaixo para seu conhecimento. Sobre a referida APRESENTAÇÃO de autoria do jornalista e advogado Reginaldo Vasconcelos, o engenheiro agrônomo e economista José Maria Marques de Carvalho, servidor aposentado do Banco do Nordeste e um dos autores do mencionado trabalho, mandou-me o seguinte e-mail:
Caro Cássio,
Espetacular a visão do Dr. Reginaldo sobre nosso trabalho. Transmita, por favor, ao Dr Reginaldo o reconhecimento e gratidão da equipe, pela excelente apresentação. Se o nosso trabalho estava bom, agora, com esta apresentação, ficou excelente, merecendo aquela capa, para conferir o destaque final.
O DNOCS, por sua história e por tudo que poderá fazer na gestão dos recursos hídricos no semiárido nordestino, merece nosso esforço de voluntários, para sua manutenção e revitalização.
Continuemos atentos e a postos! Atenciosamente, José Maria
NOTA: Se algum amigo desejar receber o referido documento, peço-lhe solicitar para o enviarmos por e-mail. OK?
APRESENTAÇÃO
Integrado desde o princípio, na condição de jornalista, aos ingentes esforços em prol dessa gloriosa autarquia nordestina – o Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs) – recebi os originais deste magnífico trabalho, e a honrosa missão, que os seus ilustres autores me cometem, de lhe fazer a Apresentação.
A constelação de cientistas que se debruçam sobre o tema da manutenção e revitalização do Dnocs, que abraçaram essa causa e que elaboraram o presente estudo, é o creme de la crème da inteligência nacional no campo da engenharia hidrológica – visto que o Nordeste do País, em razão das recorrentes secas, é o foco principal a demandar essa matéria: a acumulação, a administração e a distribuição dos recursos hídricos, para o consumo humano, a pecuária e a agricultura.
O Dnocs, por seu turno, entidade secular pioneira no combate à estiagem, mais propriamente aos deletérios efeitos da seca sobre as populações xerófilas, é uma das instituições científicas mais veteranas e beneméritas do Brasil – a exemplo do Museu Nacional, do Instituto Butantan, do Instituto Pasteur, da Fundação Oswaldo Cruz – malgrado tenha sido tratado como o “patinho feio” dos equipamentos estatais, pelo desprestígio político que marca a nossa região setentrional.
Entretanto, nenhum estamento científico tem reunido mais conhecimento e mais experiência sobre o fenômeno da estiagem que o Dnocs, e sobre os métodos mais adequados de contornar os seus efeitos no semiárido brasileiro, valiosíssima expertise conquistada com “a mão na massa” há tantas décadas, na construção de açudagem e irrigação, no desenvolvimento de culturas próprias, nas pesquisas em piscicultura e em ações de peixamento dos açudes, assistindo os sacrificados habitantes da caatinga com atenção e desvelo.
Tamanha é a tradição dessa entidade neste quadrante do País que dificilmente se encontra um nordestino que não tenha uma história que vincule ao Dnocs a sua história pessoal – beneficiários ancestrais das suas ações sertanejas, agricultores humildes, pecuaristas heroicos, ex-servidores do Órgão, familiares destes – eu inclusive, descendente do engenheiro Aires de Sousa, um dos seus mais antigos diretores, neto e filho de fazendeiro cearenses, sobrinho de diversos engenheiros do passado da entidade.
Por essas ligações de família, testemunhei pessoalmente, na minha infância, a construção do Açude de Orós, as operações sociais e humanitárias do Dnocs durante a seca de 1958, em torno dos seus postos agrícolas implantados nos sertões, verdadeiros oásis a que as populações famélicas se acostavam para garantir a sobrevivência – os “fornecimentos”, as obras de emergência, não raro o avião da autarquia socorrendo pessoas doentes e transportando técnicos e autoridade científicas para o sáfaro sertão.
Nesse período, o então emergente Estado de Israel enviou ao Brasil os seus engenheiros para trocar experiências com os cientistas do Dnocs, a fim de compartilharem conhecimentos sobre as agruras climáticas do nosso semiárido, e as securas do deserto em que aquele país foi construído. O melhor aproveitamento da água, as culturas mais resistentes ao estio, as políticas estatais mais proativas na viabilização e proteção da agricultura e da pecuária em áreas mais agrestes do Planeta.
Enfim, nesta obra intitulada “Revitalização e Fortalecimento do Dnocs”, elaborada pelos engenheiros Otamar de Carvalho, Cássio Borges, José Maria Carvalho, Ângelo Guerra, Flávio Saboya e Evandro Bezerra estão cientificamente fundamentadas todas as razões pelas quais o Dnocs deve ser mantido e revigorado pelo Governo Federal, bem como estão escrutinadas as fórmulas administrativas para o seu soerguimento, com o melhor aproveitamento dos seus potenciais técnico-científicos para a melhoria do índice de desenvolvimento humano e o progresso econômico do Nordeste.
Reginaldo Vasconcelos
Cássio Borges.
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