Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

domingo, 31 de dezembro de 2017

UMA REFLEXÃO, APENAS!... - Januário Bezerra

UMA REFLEXÃO, APENAS!...



Januário Bezerra
A confraternização universal a 1º de janeiro é mesmo um grande evento no calendário. Daí seu significado expressivo o bastante para fazer cessar conflitos bélicos, os mais encarniçados até, inobstante possamos vê-los reiniciados logo depois das festividades. Por trás de tudo isso nos chega oportunidade de reavaliar conceitos e práticas fundamentais para garantir a satisfação por nós alcançada enquanto por aqui estivermos.

A tradição judaico-cristã me parece induzir, com grande insistência, a expectativa de que o bem-estar, na dimensão material da existência humana, dependeria quase que exclusivamente, das relações do homem com a divindade. Embora reconhecendo a mitologia como uma das mais legítimas demandas existenciais do homem, nego-me a admitir que esta orientação, tão ao gosto dos católicos, esteja correta. O conforto, a satisfação e o bem-estar ao nosso alcance aqui na terra me parecem mais ligados, é claro, à escolaridade, à inteligência e à cidadania. Afinal, a percepção de que a própria divindade faz parte da cena em nossa existência somente teríamos alcançado após plena satisfação de demandas biológicas e  também de outra natureza, em torno da época do troglodita. Deixemos, porém, a questão aos antropólogos eventualmente interessados no desenvolvimento do tema.

Nossa expectativa, a propósito de mais um “réveillon”, deve dizer respeito à possibilidade de que nos livremos, sem perda de tempo, dos flagelos que nos afligem, notadamente quanto ao esforço desenvolvido por boa parte da nação com vistas a livrá-la da degenerescência axiológica que se abateu sobre nós nos últimos tempos. Há mais de um lustro, ou dois, vimos tentando, pelos caminhos jurídicos, uma saída capaz de permitir passar o país a limpo, como diz a célebre frase cunhada por Boris Casoy. Muito vem sendo feito por boa parte do Poder Judiciário, coadjuvado pelo entusiasmo do segmento populacional crente na eficácia do cumprimento do dever, sobretudo por parte do cidadão de fato comprometido com o seu papel perante a sociedade em que vive. A raiz cultural do problema, no entanto, é de tal monta que nos deixa,  por vezes,  descrentes na possibilidade da recuperação efetiva.


O que esperar depois da parcial suspensão do Decreto 9246/17, que a essa altura já se faz famoso sob o epíteto de Indulto penal de Temer ?       

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