UMA REFLEXÃO,
APENAS!...
Januário Bezerra
A confraternização universal a 1º de janeiro é mesmo um
grande evento no calendário. Daí seu significado expressivo o bastante para
fazer cessar conflitos bélicos, os mais encarniçados até, inobstante possamos
vê-los reiniciados logo depois das festividades. Por trás de tudo isso nos
chega oportunidade de reavaliar conceitos e práticas fundamentais para garantir
a satisfação por nós alcançada enquanto por aqui estivermos.
A tradição judaico-cristã me parece induzir, com grande
insistência, a expectativa de que o bem-estar, na dimensão material da
existência humana, dependeria quase que exclusivamente, das relações do homem
com a divindade. Embora reconhecendo a mitologia como uma das mais legítimas
demandas existenciais do homem, nego-me a admitir que esta orientação, tão ao
gosto dos católicos, esteja correta. O conforto, a satisfação e o bem-estar ao
nosso alcance aqui na terra me parecem mais ligados, é claro, à escolaridade, à
inteligência e à cidadania. Afinal, a percepção de que a própria divindade faz
parte da cena em nossa existência somente teríamos alcançado após plena
satisfação de demandas biológicas e também de outra natureza, em torno da época do
troglodita. Deixemos, porém, a questão aos antropólogos eventualmente
interessados no desenvolvimento do tema.
Nossa expectativa, a propósito de mais um “réveillon”, deve
dizer respeito à possibilidade de que nos livremos, sem perda de tempo, dos
flagelos que nos afligem, notadamente quanto ao esforço desenvolvido por boa
parte da nação com vistas a livrá-la da degenerescência axiológica que se
abateu sobre nós nos últimos tempos. Há mais de um lustro, ou dois, vimos
tentando, pelos caminhos jurídicos, uma saída capaz de permitir passar o país a
limpo, como diz a célebre frase cunhada por Boris Casoy. Muito vem sendo feito
por boa parte do Poder Judiciário, coadjuvado pelo entusiasmo do segmento
populacional crente na eficácia do cumprimento do dever, sobretudo por parte do
cidadão de fato comprometido com o seu papel perante a sociedade em que vive. A
raiz cultural do problema, no entanto, é de tal monta que nos deixa, por vezes, descrentes na possibilidade da recuperação
efetiva.
O que esperar depois da parcial suspensão do Decreto 9246/17, que a essa altura já se
faz famoso sob o epíteto de Indulto penal de Temer
?
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