Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

terça-feira, 31 de maio de 2016

Meditações 31/05/2016

Meditações
Na didática de Deus, o mal não é recebido com a ênfase que caracteriza muita gente na Terra, quando se propõe a combatê-lo.

Por isso, a condenação não entra em linha de conta nas manifestações da Misericórdia Divina.

Nada de anátemas, gritos, baldões ou pragas.

A Lei de Deus determina, em qualquer parte, seja o mal destruído não pela violência, mas pela força pacífica e edificante do bem.

A propósito, meditemos.

O Senhor corrige:

- A ignorância com a instrução;

- O ódio com o amor;

- A necessidade com o socorro;

- O desequilíbrio com o reajuste;

- A ferida com o bálsamo;

- A dor com o sedativo;

- A doença com o remédio;

- A sombra com a luz;

- A fome com o alimento;

- O fogo com a água;

- A ofensa com o perdão;

- O desânimo com a esperança;

- A maldição com a benção.

Somente nós as criaturas humanas por vezes, acreditamos que um golpe seja capaz de sanar outro golpe.

Simples ilusão. O mal não suprime o mal.

Em razão disso, Jesus nos recomenda amar os inimigos e nos adverte de que a única energia suscetível de remover o mal e extingui-lo é e será sempre a força suprema do bem.

Ante a Calúnia

É inevitável ser vítima da calúnia, que faz parte do orçamento moral de muitas pessoas, a fim de ser apresentada no mercado da leviandade humana.

Muitos se comprazem em urdi-la e desferi-la, por inveja, ciúme ou, simplesmente, por doença moral.

Outros se encarregam de divulgá-la, alegrando-se em fazê-lo, porque também atormentados.

*

Não sintonizes com aqueles que vivem nessa faixa.

Igualmente, não te permitas atingir pelas farpas caluniosas que te arrojam.

Vive de tal forma, que o caluniador fique desmoralizado por falta de provas.

Cada dia é lição que se transforma em vida, ao longo do teu caminho eterno.

Diariamente surgem episódios de calúnia, intentando alcançar alguém.

Assim, perdoa o caluniador. Ele não fugirá de si mesmo.

*

Contam que uma caluniadora buscou o seu confessor e narrou, arrependida, a sua insensatez.

Pedindo a absolvição para o triste delito, perguntou ao ouvinte atento qual era a sua penitência.

Aquele reflexionou, pediu-lhe que fosse ao lar e trouxesse uma almofada de plumas, subisse à torre da igreja dali as espalhasse ao vento com o máximo cuidado e, após, viesse receber a competente liberação.

Tão logo terminou de fazê-lo, a confessa retornou e perguntou:

— E agora?

— Volta lá — respondeu o sacerdote —, recolhe todas as plumas e refaze a almofada.

A calúnia são plumas ao vento que vão sempre adiante para a amargura do caluniador.

O PERDÃO É UMA PRÁTICA DE CURA
Jean Yves Leloup

O perdão, quando bem compreendido, é um instrumento de cura. Frequentemente ficamos doentes porque não perdoamos e o rancor e a cólera nos corroem o fígado e os rins. A questão é como manter juntos o perdão e a justiça, o olho da verdade e o olho da misericórdia.

Creio que não devemos perdoar muito rápido. É necessário, antes de perdoarmos, que expressemos o sofrimento pelo que nos foi feito e a isso chamo justiça. O sinal-da-cruz, tal como era feito nos doze primeiros séculos de nossa era, expressava bem esse sentimento. Começava-se por uma linha vertical, da testa ao peito, em seguida levava-se a mão ao ombro direito e depois ao esquerdo (atualmente faz-se o contrário), simbolizando a passagem da justiça para a misericórdia. Começando sempre pela justiça, exigindo que fosse reconhecido o mal que foi feito, o inaceitável de certas situações e de certas violências. Portanto, o pedido de justiça é essencial. Mas é essencial, também, ir além da justiça, em direção à misericórdia, em direção ao perdão, em direção ao lado que é o lado do coração.

O que é o perdão? O perdão é não aprisionar o outro nas consequências negativas de seus atos. É não nos aprisionarmos ou aprisionarmos o outro no carma. O perdão é a própria condição para que nossa vida continue a ser vivível. Se não perdoarmos uns aos outros, a vida vai se tornar impossível de ser vivida.

Como fazer para que este perdão se torne algo verdadeiro? Platão dizia: “Aquele que tudo compreende, tudo perdoa”. Aquele que se conhece a si mesmo, com suas ambiguidades, pode compreender o outro em suas sombras. Portanto, inicialmente, o perdão pode ser uma questão de inteligência, de compreensão. Perdoar você significa que eu o compreendo, mas não quer dizer que o que você fez é bom. Compreendo que você é um ser humano, que é capaz de me enganar como eu próprio faria se, provavelmente, estivesse nas mesmas condições.
A atitude de Cristo aos que queriam lapidar a mulher adúltera é: “Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Lembrem-se como aos poucos todos se retiram, do mais velho ao mais jovem. Nesse caso Jesus se serve da Sagrada Escritura, não para mostrar aos outros como eles são pecadores, mas para fazê-la de espelho onde eles podem ver suas fraquezas, suas falhas e compreender as dos outros, não os aprisionando nas consequências negativas de seus atos.

Além de perdoar com a cabeça é preciso perdoar com o coração e, vocês sabem, o corpo é o último que perdoa. Se alguém lhes fez mal, se lhes causou sofrimento, vocês podem tê-lo perdoado com a “cabeça”, tê-lo compreendido com o coração, pensar que o passado passou. Entretanto, quando essa pessoa se aproxima, seu corpo se crispa e se enrijece mostrando bem que ele ainda não perdoou, que muitas memórias estão ainda bem guardadas.

Creio que é verdadeiramente uma graça quando nos encontramos perto de alguém que nos tenha feito mal e sentimos nosso corpo calmo, nosso coração límpido. Podemos dizer que, verdadeiramente, estamos curados. Por isso, creio que o perdão é uma prática de cura.

No Pai-nosso se diz: Perdoai-nos do mesmo modo como perdoamos. Como se o dom da vida só pudesse circular em nós dependendo de nossa capacidade de perdão. Se não perdoamos ficamos prisioneiros, bloqueados em uma situação, em um rancor, e a vida não pode circular.

Perdoar não é fácil.

Quando eu era jovem padre e morava no interior da França, todos os domingos levava uma senhora paralítica à missa. Ela era portadora de esclerose em placas. Um dia contou-me do ódio que nutria pela mãe porque a tinha impedido de casar-se com o homem que amava, e, apesar disso, passara a vida inteira cuidando da mãe, ocupando-se dela. Apesar de exteriormente comportar-se como uma mulher respeitável e admirável, dizia-me que em seu interior só havia raiva. A dureza de seu coração impregnara seu corpo, transformando-o em corpo rígido e paralisado. Assim, as doenças psicossomáticas têm, às vezes, uma origem espiritual.

Disse a esta senhora: “Já que você é cristã pode perdoar sua mãe”. Tornou-se encolerizada e, com uma raiva muito densa e muito íntima, respondeu-me: “Não, não, jamais a perdoarei. Minha mãe impediu-me de viver, o que sinto por ela é um veneno que levarei ao túmulo”. Neste momento compreendi o meu erro e lhe disse: “Você tem razão. O que você viveu é imperdoável. Você não pode perdoar quem a impediu de viver. Mas pense, creia, o Cristo que existe em você pode perdoá-la”. Atualmente eu lhe diria: “O ego não pode perdoar: Não se deve tentar perdoar com o ego. Entretanto, talvez o self possa perdoar. Talvez haja dentro de nós uma dimensão maior que nós mesmos, que pode compreender e perdoar”. Passaram-se cinco longos minutos. Em dado momento vi uma lágrima correr pela face daquela senhora. Ela chorou, chorou muito. Levantou-se da cadeira de rodas e saiu andando de seu quarto. Há mais de quarenta anos não chorava, há mais de dez anos não andava. Esse é o milagre do perdão.

Muitas vezes, está acima de nossas forças perdoarmos a partir de nosso pequeno ego. Se disséssemos “eu te perdoo”, seríamos hipócritas, pois nosso corpo e nosso coração não conseguem perdoar. Porém, podemos abrir-nos a uma dimensão mais vasta que nós mesmos e então o perdão pode chegar.

O perdão não é humano, é um ato divino. Quando Jesus perdoa, seja a mulher adúltera, seja Miriam de Magdala, seja um “colaborador” como Zaqueu, os fariseus que o cercam se perguntam: “Quem é este homem que perdoa? Pois só Deus pode perdoar”.

Assim, é preciso lembrar que, cada vez que perdoamos depois de termos pedido justiça, acordamos para uma dimensão divina de nós mesmos. O perdão é um exercício de divinização onde o humano se torna divino. Continuando humano, temos que reclamar justiça e, quando for possível, dizer o que foi mau ou destrutivo para nós e pedir uma reparação. Também somos capazes de misericórdia e de perdão. Portanto, é preciso que mantenhamos juntas a justiça e a misericórdia. São dois olhos, às vezes, estrábicos. Podemos esquecer a justiça e nosso perdão ser superficial, podemos esquecer o perdão e partimos para uma justiça inquisitorial.

Jean-Yves Leloup, doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, escritor, conferencista, dominicano e depois padre ortodoxo, oferece através dos seus livros, conferências e seminários um aprofundamento dos textos sagrados, assim como uma abordagem e uma reflexão extremamente ricas sobre a espiritualidade no quotidiano graças à uma formação pluridisciplinar de rara complementaridade. Membro da organização das Tradições Unidas, doutor honoris causa e ciências da Universidade de Colombo (Sri Lanka), Jean-Yves Leloup ensina na Europa, nos Estados Unidos e na América do Sul em diferentes universidades e institutos de pesquisa em antropologia fundamental. É autor de mais de cinqüenta obras, além de ter comentado e traduzido os evangelhos de Tomé, Maria de Magdala, Felipe e João. Ele participa igualmente de vários encontros entre as diversas tradições.

A IDADE DO RESTO DE NOSSA VIDA

Em certa ocasião alguém perguntou a Galileo Galilei:

- Quantos anos tens?

Oito ou dez, respondeu Galileo, em evidente contradição com sua barba branca.

E logo explicou :

- Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais, como não temos mais as moedas que já gastamos.

Crescemos em sabedoria se valorizarmos o tempo como Galileo Galilei.

Dizemos espantados

- Como passa o tempo!

Mas na verdade, somos nós que passamos.

O astrônomo italiano sabia que aqui estamos de passagem. Somos peregrinos e é bom pensar na meta que nos espera...

Assim podemos aproveitar o que realmente temos: o presente.

Convém desfrutar cada dia como se fosse o último. O ontem já se foi e o amanhã ainda não chegou.

Aproveite o hoje!

ANOTAÇÕES DA ESPERANÇA


Se caíste em algum obstáculo, ergue-te e anda.

-o-

Todos somos no mundo ou no Mais Além devidamente chamados a colaborar na vitória do Bem. E o Bem aos outros será sempre a garantia de nosso próprio Bem.

-o-

Se dificuldades repontam da estrada, não te omitas. Trabalha para extingui-las.

-o-

Segue adiante, reconhecendo que nos cabe a todos desenvolver o esforço máximo para que, junto de nós ou longe de nós se realize o melhor.

-o-

Não pares.

-o-

A estagnação é ponto obscuro em que os mais substanciosos valores se corrompem.

Não recorras à ideia de fatalidade para justificar o mal, porquanto o Bem de todos triunfará sempre.

-o-

Os únicos derrotados no movimento criativo da vida são aqueles que atravessam a existência, perguntando o porquê das ocorrências e das cousas sem se darem ao trabalho de conhecer-lhes a origem; aqueles que descreram de Deus e de si mesmos, apagando-se no vazio do “nada mais a fazer”; aqueles que choram inutilmente as provações necessárias; aqueles que fogem dos problemas da vida, temendo-lhes as complicações; aqueles que se acreditam incapazes de errar e aqueles outros que, em se observando caídos, nessa ou naquela falta, não sentem a precisa coragem do “começar de novo”.

-o-

Não estaciones.

-o-

Em favor de todas as criaturas, estejam como estejam, Deus criou o apoio do trabalho e a bênção da esperança.

DETERMINAÇÃO CRISTÃ
João Cleófas

Renteando com a dor, transformemo-nos em seus enfermeiros.
Participantes da aflição, façamo-nos consoladores.

Ao lado dos desesperados, invistamo-nos da mensagem da paz.

Atuando entre as agonias, ensejemos a quota de esperança.

Na vigência das sombras, acendamos a claridade, e, ante as perspectivas da morte, não nos esqueçamos da madrugada da ressurreição.

-o-

Quando situamos Jesus nos empreendimentos da nossa vida, sempre nos é lícito identificar o lado positivo das coisas.

Com ele colocado em nosso discernimento, os aspectos mais dantescos ou deprimentes da vida cedem lugar à visão gloriosa e às perspectivas de que nos podemos utilizar para resultados opimos.

Assim, em face das agonias dos que perderam as roupagens físicas, sem que o hajam percebido, contribuamos para que se deem conta da realidade em que se encontram e ainda não se situaram necessariamente.

A vida física é um breve intervalo, entre a ombreira de chegada e o pórtico de saída, porquanto o espaço de vida na imortalidade em triunfo, é sempre muito maior do que o mergulho nas sombras transitórias do corpo.

Considerando a madrugada da ressurreição, portal de luz que nos aguarda, superemos todas as sombras do percurso da estrada de dores e dos receios da morte, a fim de nos alçarmos à verdadeira vida com determinação cristã.
João Cléofas
Do livro “Intercâmbio Mediúnico”
Psicografia de Divaldo Pereira Franco

Nenhum comentário: