Prezado Senhor Dr. SÉRGIO PITAKI
A família Peixoto vem convidar para a celebração da MISSA DO CENTENÁRIO DE NASCIMENTO do saudoso PERILO GALVÃO PEIXOTO (1913-2002), médico dermatologista (Gaffrée e Guinle, DSE, SBD, IPASE, INPS), jornalista (ABI), radialista, crítico, produtor musical (Rádio MEC), literato (SOBRAMES, ABRAMES), ornitólogo (CRAC, FOB), a realizar-se no dia 8 de novembro, sexta-feira, às 18 horas, na Igreja Matriz de São João Batista da Lagoa, localizada na Rua Voluntários da Pátria, 287, em Botafogo, no Rio de Janeiro, RJ.
Filho de pai alagoano – o empresário penedense Fernando da Silva Peixoto (1889-1980) -, e de mãe sergipana – a dona-de-casa brejo-grandense Laura Galvão Peixoto (1889-1973) -, Perilo nasceu em Salvador, Bahia, em 8 de novembro de 1913. Mas criou-se e cresceu em Penedo, interiorana e histórica cidade de Alagoas, onde residiam os pais. E os irmãos Danilo (1911-1981), Murilo (1912-1935) e Zurica (1914-2005), netos do Comendador Peixoto, o português Manoel da Silva Peixoto (1847-1910), de Vila de Fafe, que promoveu a expansão comercial e industrial de Penedo, na segunda metade do século 19.
Fez o primário no Colégio Anchieta, em Penedo, e o ginasial no Liceu Alagoano, em Maceió. Formou-se em 5 de dezembro de 1935 na Faculdade de Medicina da Bahia. Exerceu primeiramente sua profissão no Serviço de Hansenianos, na capital alagoana. O Dr. Perilo adotou o Rio de Janeiro para morar em 1937, mudando-se com a família para o bairro de Copacabana, no Posto Seis.
Foi assistente da cadeira de dermatologia e Sifilografia da Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro; assistente do professor Joaquim Motta na Fundação Gaffré e Guinle.
Durante a Segunda Guerra Mundial integrou o quadro de Saúde da Aeronáutica, servindo na Base Aérea do Galeão, embora desejasse prestar ajuda no front. Teve a patente de segundo-tenente médico.
Em meados dos anos 1940 ingressou no serviço médico do IPASE (Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado), na Rua Santa Luzia – chefe da clínica dermatológica e sifilográfica. E também do IAPB (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários), na Avenida Treze de Maio.
Em 1945 assumiu a presidência da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sifilografia, SBD.
Também em 1945, depois de um namoro que durou sete anos, casou-se em 26 de maio com Marina Moura Peixoto – pianista carioca detentora da Medalha de Ouro de 1932 pela Escola Nacional de Música e funcionária da Rádio MEC desde 1941 -, com quem viveu até sua morte prematura em 1975, na residência do Jardim Botânico.
Em 1948, tornou-se referência bibliográfica em Medicina, ao relatar e dividir em três fases a ”Elaioconiose” (obliterante, papulosa peripilar e infecciosa). Pouco relatada na literatura – notadamente a nossa –, trata-se de uma dermatose ocupacional do tipo acneiforme, conhecida também como dermatite folicular, de tratamento lento e difícil, que afeta as áreas expostas de trabalhadores que lidam com graxas ou óleos – mãos, braços e antebraços. Publicou a pesquisa nos “Anais Brasileiros de Dermatologia e Sifilografia”.
Foi médico e amigo de Graciliano Ramos (1892-1953). Em 1950, no seu consultório na Cinelândia, na Rua Álvaro Alvim, 37 (Ed. Rex), livrou o grande romancista alagoano de incômodas verrugas localizadas na ponta dos dedos, que lhe impediam o ofício de escrever.
A amizade com Graciliano – a quem descrevia como sisudo e de pouca conversa - adveio do contato com o cunhado do escritor, o médico oftalmologista Dr. Luís Augusto de Medeiros, com quem trabalhara pelo Departamento de Saúde Escolar, DSE, na Escola Municipal Dr. Cocio Barcellos, em Copacabana, seu primeiro emprego no Rio como médico (o anterior tinha sido o de tradutor bilíngue em um banco estrangeiro!). Amigos por décadas – as famílias também -, o alagoano Dr. Medeiros, criador de canários, iria influenciar Perilo, futuramente, nesta atividade.
Ainda em 1950, redator dos Anais Brasileiros de Dermatologia e Sifilografia e assinando artigos médicos na mídia carioca, filia-se à Associação Brasileira de Imprensa, convidado pelo amigo jornalista Herbert Moses (1884-1972) - presidente da ABI de 1931 a 1965-, onde passaria 52 anos como associado.
De 1953 a 1956, na Rádio Ministério da Educação e Cultura, Galvão Peixoto – seu nome radiofônico -, produziu e apresentou os programas “Ópera Completa” e “Oferenda Musical”. Levou a ópera ao povo, ao transmitir ao vivo, direto do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, as temporadas líricas. Entrevistava os intérpretes do bel canto no palco e as personalidades presentes na plateia. A formatação que imprimiu, na época, à “Ópera Completa”, é a utilizada até hoje pela Rádio MEC.
Em 1971 tornou-se presidente da Canaricultores Roller Associados Cariocas, CRAC, trazendo as exposições para a zona sul. Iniciara a criação de canários em 1958, sem intuito lucrativo, largando em 1974, para cuidar da doença fatal de Marina (1917-1975) - um câncer no estômago -, que colaborava no trato diário dos passarinhos. Com os seus canários de raça Roller conquistou campeonatos cariocas, brasileiros e mundiais.
Manteve consultório particular no Leblon, de 1960 a 1978, na Avenida Ataulfo de Paiva, onde também atendia, gratuitamente, os moradores da antiga Favela da Praia do Pinto, prestando relevante serviço social a esta faixa menos favorecida da população.
Em 1979, casou-se com a assistente social Maria José dos Santos Peixoto, paraibana, que o acompanhou até 2002, quando faleceu, aos 88 anos, no Catete, portador de Alzheimer desde os anos 1990. Era então membro titular da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, SOBRAMES, e membro fundador (1987) da Academia Brasileira de Médicos Escritores, ABRAMES, ocupando a Cadeira nº 3.
O Dr. Perilo recebeu a medalha comemorativa de 50 anos como associado ao Fluminense Football Club (1989). Em 1999, foi incluído, juntamente com a finada esposa Marina, na lista dos 300 radialistas que fizeram o século 20, elaborada por Artur da Távola (1936-2008). E agraciado, post mortem (2004), com o título de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, iniciativa do jornalista Antonio Castigliola (1959-2010) e da deputada Heloneida Studart (1932-2007). Deixou um casal de filhos do primeiro casamento - Fernando José (1946), jornalista colaborador, e Teresa Cristina (1951), médica psiquiatra e psicanalista - e três netos – Hannah (médica pediatra), Noel (médico cirurgião) e Ian (graduado em Ciência da Computação).
Algumas frases de Perilo. “Mozart seria capaz de pôr em música até um rol de roupa” (anos 1950), “Todos nós temos duas faces: uma para uso externo e outra para uso interno” (1979), “A senectude estimula a eloquência” (1985), “A sensação que se tem no momento é de que todo mundo é um ladrão, um assassino em potencial. É tudo questão de oportunidade” (1989).
Sobre Galvão Peixoto, afirmou RICARDO CRAVO ALBIN: “O centenário de Perilo Galvão Peixoto representa um bom momento para refletirmos sobre a inconveniência da falta de memória que assola o país. A memória do Dr. Perilo remete a uma vida dedicada não apenas à medicina. Mas, sobretudo, a uma carreira vitoriosa de radialista e escritor, o que, pela importância tanto de uma quanto de outra, deveria ser lembrada, celebrada, acarinhada como inspiração e exemplo para os jovens, especialmente os radialistas de hoje. Perilo marcou indelevelmente sua participação por anos a fio na nossa Rádio MEC, onde também fiquei por 40 anos ininterruptos. E ali sempre acompanhei os ecos da brilhante ação cultural desenvolvida pelo grande incentivador do melhor da cultura da música clássica. Perilo deveria ser – como de fato é – uma pura legenda”.
Agradecendo a divulgação do exposto,
Fernando Moura Peixoto (ABI 0952-C)
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