Caminho do céu
Geraldo Duarte*
Representante comercial, depois de ?fazer as praças? de Missão Velha, Barbalha e Crato, concluiu as visitações mercantis em Juazeiro do Norte. Era seu primeiro trabalho na região e encantara-se com a terra do padre cratense Cícero Romão Batista.
O misticismo fez-se intenso no sentimento do vendedor e este já tratava o homem-santo por ?Meu Padim?.
À noite, orientado pela recepção do hotel no qual se hospedara, contratou os serviços de um taxista, velho profissional do volante e conhecedor de todos os locais da cidade.
Finda a apresentação mútua e, mesmo antes de embarcarem no veículo, entabularam conversação que parecia de antigos conhecidos.
Já no carro, o visitador expôs tratar-se de sua estada inicial de labor. Retornaria com muita frequência e, assim, gostaria, desde logo, de inteirar-se, completamente, da vida citadina. Queria passear e distrair-se a partir daquele momento.
Sem delongas, o motorista deu-se à atividade que tão bem realizava e recebia eloquentes elogios dos turistas transportados.
?Amigo, esta é a praça Padre Cícero, a mais tradicional o município!?. E a proporção em que o carro se deslocava, continuava a exposição dos nomes e descrições históricas das áreas e logradouros. ?Bairros Frei Damião, São Miguel e São José. Ruas Pio XII, Franciscanos, Beata Mocinha, Bom Jesus do Horto, avenida São Roque...?, quando o passageiro, interveio, pedindo licença e falou: ?Meu caro! Vejo que você é um grande guia turístico, entretanto, não entendeu meu desejo. Ao invés de tomar o rumo da zona dos cabarés, onde nos divertimos com as ?primas?, entrou direto no caminho do céu!?.
*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
Fonte: diariodonordeste.globo.com/
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