BOCAS VAZIAS
Juçara Valverde
A cadeira da sala anda vazia.
A matraqueira não dá na pinta.
Uma conversa apressada repassa a Maria.
No condomínio famoso como Boca Maldita
Se outrora a rádio corredor atraía
hoje o cuidado é pouco, irrita, sinta.
A roda de bar onde de tudo se ria, esfria.
Fechasse à porta e a escuta é finita.
Tempos modernos dizem alguns.
Agora o celular entrou em ação.
O rastro de pólvora fica no ar de uns.
A maledicência espalha o sem noção.
Os inquietos esquecem os jejuns.
Vão entornado o caldo, o pirão.
Dizem aos quatro ventos segredos incomuns.
Saem dos porões, os sem história, sem visão.
Gregório é revivido como o latim
na modernidade invasora virtual
onde os escritos voam enfim.
Saem do papel num encontro pontual.
14/9/2020
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