PAI
Recuso visitar-te em cemitério.
Se vivo estou, à sombra da tua fama,
Tua morte não vou levar a sério.
Vives se vive em mim a tua chama.
Diferes tu dos que deitaram lama
A destoar as cordas do saltério,
Nas quais divulgariam sua trama
Aos distantes rincões deste hemisfério.
Guardo-te intacto aqui dentro do peito
Como se fosse um sacro relicário,
No qual o teu retrato está perfeito.
Eu persigo teu mesmo itinerário
A garantir o teu e o meu direito:
Será meu coração teu santuário.
Fortaleza, 10 de agosto de 2014.
João Soares Lôbo
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