O CHAMPANHE
ANA PAULA MEDEIROS
(DO GRUPO DE POETAS DA UFC)
Havia pétalas carmins
num leito feito de penumbras.
À meia-luz, o líquido doirado
deitou-se em taças translúcidas
e longitudinais.
Pequenas borbulhas corriam em fileiras
à superfície de alvas espumas.
O brinde.
A degustação.
Um cheiro de alfazema
na fumaça do incenso.
O champanhe transformava
o sangue em desejo
e derramava-se pelos corpos.
Banho alcoólico.
Banho sedutor.
Não mais que de repente
fez-se a volúpia
nos alvos lençóis
e os amantes
dissolveram-se em gozo
de sabor mais doce
do que as rubras cerejas
que jaziam sobre a cama.
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