Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O CHAMPANHE - ANA PAULA MEDEIROS


O CHAMPANHE
ANA PAULA MEDEIROS
(DO GRUPO DE POETAS DA UFC)


Havia pétalas carmins
num leito feito de penumbras.

À meia-luz, o líquido doirado
deitou-se em taças translúcidas
e longitudinais.

Pequenas borbulhas corriam em fileiras
à superfície de alvas espumas.

O brinde.
A degustação.
Um cheiro de alfazema
na fumaça do incenso.

O champanhe transformava
o sangue em desejo
e derramava-se pelos corpos.
Banho alcoólico.
Banho sedutor.

Não mais que de repente
fez-se a volúpia
nos alvos lençóis
e os amantes
dissolveram-se em gozo
de sabor mais doce
do que as rubras cerejas
que jaziam sobre a cama.

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