Na Hipocrisia do mundo você se descobre,
e, se encontra, quando vive um grande amor
Vicente Alencar

sábado, 6 de janeiro de 2024

Dignidade ou ignara catarse?

 PEDRO BEZERRA DE ARAÚJO ESCREVE:

Blog do Vicente Alencar
06 de Janeiro de 2024.

Dignidade ou ignara catarse?

Se um homem só tem o direito de olhar para o outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se, como diz Gabriel Garcia Márquez, quanto mais a atitude de Jesus para com os pobres e marginalizados. Jamais, em todos os Evangelhos, vemos Jesus preocupado apenas com o momento. Quando Jesus mandou os apóstolos darem de comer à multidão que O ouvia, não foi que eles fossem pobres e miseráveis, mas, sim, diz o Evangelho de Mt 14, 15: “os discípulos disseram-lhe: “Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia”. Houve, sim, a partilha, porém, com a finalidade de permanecerem a ouvir a Palavra de Jesus. Ninguém é saco de comida, a dignidade do ser humano é muito maior do que isso. João refere que quando quiseram fazer Jesus rei, Ele afastou-se. E, após os milagres e a partilha do pão e dos peixes com a multidão, Jesus, ao chegar à outra margem do lago, disse à multidão que o buscava: “Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nela Deus Pai imprimiu o Seu sinal”. (Jo 6, 26-27).
Deus enviou Seu Filho a nós, não para alimentar nossa pobreza e miséria, nem para encher nossos ventres, mas para nos resgatar do pecado e do erro e, para isso, os Anjos anunciaram: “Paz na terra aos HOMENS DE BOA VONTADE”; boa vontade para construir a paz, a justiça, a fraternidade, o amor. Esta procura do Reino de Deus trará o “resto por acréscimo” (Mt 6, 31-33). Afinal, não somos sacos de comida, mas filhos e filhas do Criador, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm 8, 16-17).
O evangelista João narra a cura de um paralítico, impossibilitado de cuidar de sua própria vida: “Ordenou-lhe Jesus: “levanta-te, toma o teu leito e anda” (Jo 5,8).
E anda, e anda, e anda.
Deus nunca nos abandona, se O colocamos em primeiro lugar de nossas vidas. A história nos comprova: Deus é fiel.
Alimentar-se é uma das necessidades básicas do ser humano; o trabalho também o é, pois, dignifica e valoriza a criatura humana para sustentar a si e sua família com ‘o suor de seu rosto’, o produto de seu trabalho; amar impõe-se não apenas do ponto de vista religioso, mas constitui uma necessidade convivencial. A dignidade faz-se de necessidades, mutuamente, inclusivas entre si. A melhor e mais genuína prioridade para com o pobre é oportunizar-lhe desenvolver seus talentos e proporcionar-lhe condições saudáveis de trabalho.
Preocupar-se com os irmãos APENAS pela miséria e falta de comida, os pagãos e os ditadores também o fazem e não há nenhum mérito cristão nisso.
O inferno também recebe barrigas cheias, com mentes vazias e com espíritos medíocres.
“Fazer uma coisa prioritária sem menosprezar outra”.
A justiça, para o cristão, não prescinde da pedra angular da fé e nem anula a autoestima das próprias qualidades.
“Um homem só tem o direito de olhar para o outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.”
Paz e Bem!
(Pedro Bezerra de Araújo)

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